Justiça
Mário Machado. Papéis de familiares de Sócrates descansam na PGR
por Augusto Freitas de Sousa, Publicado em 23 de Junho de 2011
O advogado de Mário Machado entregou cerca de uma centena de documentos originais, mas a PGR não entregou o dossiê ao DCIAP
chamado a depor sobre a divulgação de documentos na Internet
MIGUEL A. LOPES/lusa
O advogado de Mário Machado entregou em Julho do ano passado os originais de todos os documentos alegadamente referentes a transacções financeiras, transferências bancárias, offshore, e outros, de familiares do ex-primeiro- -ministro José Sócrates.
Anteriormente, em Março de 2009, na página do Fórum Nacional, foram divulgados alguns documentos relativos ao mesmo assunto. Já durante o julgamento em Loures, há um ano, os então arguidos Mário Machado e Rui Dias falaram em documentos de transferências e movimentações de offshore alegadamente feitas por familiares do ex-primeiro-ministro. Altura em que o juiz Manuel Rodrigues resolveu extrair uma certidão para abertura de um inquérito. Ambos disseram que estavam a ser prejudicados no processo por terem publicado na internet aqueles papéis.
Surpresa Na segunda-feira, Mário Machado e Rui Dias, ambos condenados no processo judicial de Loures, foram chamados a depor. Mas qual não foi o seu espanto quando perceberam que a magistrada do Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) mostrou aos inquiridos apenas uma dúzia de documentos retirados do Fórum Nacional. O militante nacionalista e Rui Dias, que se tinha apresentado como professor universitário e perito em finanças, pensaram que iriam testemunhar sobre os mais de 100 documentos que tinham sido entregues, e sobre o inquérito associado. Afinal era outro inquérito, que resultou da divulgação na internet de uma pequena parte dos papéis.
Pedido do DCIAP O i apurou que o DCIAP já terá pedido à Procuradoria que enviasse os documentos recebidos em Julho do ano passado, uma vez que não tem conhecimento da totalidade dos documentos nem teria tido, segundo fonte judicial, acesso aos originais.
Segundo o líder do movimento Hammerskins Portugal, os documentos chegaram à sua caixa de correio sem que conseguisse perceber quem os deixou.
Documentos Entre os documentos entregues na PGR, a que o i teve acesso, estão, entre outras, inúmeras referências à compra e venda de acções, designações de empresas sediadas nas ilhas Caimão, Man e Gibraltar, a compra de um automóvel topo de gama, certificados de participações, contratos de comodato, operações em bolsa, recibos de entrega de dinheiro, talões de depósito, relatórios de fax, ofícios a diversas entidades, solicitações de transferências, operações de valores mobiliários, extractos bancários, etc.
O advogado de Mário Machado, José Manuel Castro, disse ao i que o inquérito está em segredo de Justiça, pelo que não estava disponível para fazer qualquer comentário. A PGR referiu ao i que, "nesta fase, não é possível ao DCIAP fornecer quaisquer esclarecimentos".
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