terça-feira, 23 de agosto de 2011

terça-feira, 23 de Agosto de 2011 | 09:48

China: Produtos tóxicos no vestuário de 14 grandes marcas


Vestígios de substâncias químicas tóxicas, suscetíveis de afetar os órgãos reprodutivos de seres vivos, foram detetados em produtos de catorze grandes fabricantes de vestuário, anunciou hoje a Greenpeace em Pequim.

Entre as marcas colocadas em causa por esta organização não governamental (ONG) de defesa do ambiente figuram a Adidas, a Uniqlo, a Calvin Klein, a Li Ning, a H&M, a Abercrombie & Fitch, a Lacoste, a Converse e a Ralph Lauren.

A Greenpeace comprou em 18 países várias peças de vestuário destas marcas, fabricadas na China, no Vietname, na Malásia e nas Filipinas e posteriormente submeteu os têxteis para análise.

“Éthoxylates de nonylphénol (NPE) foram detetados em dois terços destas amostras”, explicou numa conferência de imprensa em Pequim Li Yifang, durante a apresentação do relatório “Dirty Laundry 2 (Roupa suja 2)”.

Os éthoxylates de nonylphénol (NPE) são produtos químicos frequentemente utilizados como detergentes em numerosos em processos industriais e na produção de têxteis naturais e sintéticos.

Derramados nos esgotos, decompõem-se em nonylphénol (NP), um subproduto muito tóxico.

“O nonylphénol é um perturbador hormonal”, sublinhou Li Yifang, precisando que a substância pode contaminar a cadeia alimentar e pode acumular-se nos organismos vivos, ameaçando a fertilidade, o sistema de reprodução e o crescimento.

“Não é apenas um problema para os países em desenvolvimento, onde são fabricados os têxteis. Como quantidades residuais de NPE são libertadas quando o vestuário é lavado, os produtos são derramados em países onde o seu uso é proibido”, insistiu Li Yifang.

No mês passado, a Greenpeace tornou público o “Dirty Laundry (Roupa Suja)”, um relatório que mostrou como os fornecedores das grandes marcas têxteis poluem a água de certos rios chineses com as suas descargas químicas.

Na sequência desta publicação, as marcas Puma e Nike comprometeram-se a eliminar dos seus processos de fabrico qualquer substância química tóxica até 2020.

Em contrapartida, a Adidas limitou-se “a um comunicado vago, sem compromisso da sua parte”, indicou Li Yifang.

Diário Digital / Lusa

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