Milhares de pessoas juntaram-se hoje no Rio de Janeiro contra a intolerância religiosa, numa iniciativa da comunidade de religiões afro-brasileiras, que denunciam perseguições da comunidade evangélica.
Cerca de 200 mil manifestantes eram esperados na praia de Copacabana, onde líderes religiosos afro-brasileiros, católicos, muçulmanos, judeus, espíritas, protestantes, budistas e baha'i se juntaram, envergando trajes tradicionais das respetivas confissões.
"Desde há 25 anos que acenam com a Bíblia sobre as nossas cabeças. Nas escolas, as nossas crianças são tratadas como adeptos do diabo", disse Ivanir Santos, um dos organizadores da Marcha pela Liberdade Religiosa, citado pela agência France Presse.
"A religião é motivo de guerras no mundo, mas aqui juntamos as religiões para dialogar, porque a intolerância religiosa gera racismo e ameaça a democracia", acrescentou.
No Brasil, onde quase metade dos cerca de 190 milhões de habitantes são negros ou mestiços, as igrejas evangélicas proliferam nos meios pobres e "diabolizam os cultos de origem africana para recrutar fiéis", segundo o antropólogo José Flávio Pessoa de Barros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A primeira marcha deste tipo foi realizada em 2008 por seguidores do Camdomblé e do Umbanda, mas desde então foi sendo alargada a outros cultos.
Este ano, cerca de 500 seguidores Baha'i, perseguidos no Irão, juntaram-se à marcha, segundo Roberto Iradj, representante desta comunidade no Brasil.
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