quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


Ainda Mário Nogueira


Do nosso leitor Robles Mondego recebemos o seguinte texto, que não resisto a publicar:


O bigode e o homem público. Há, na pólis, uma estreita relação entre estas duas entidades.
Alguém consegue imaginar Hitler sem bigode? Estaline sem bigode? No limite, Charlot sem bigode?
E se me disserem que Charlot não era político, replicarei na mais pura tradição marxista que tudo é política.
Não andarei muito longe da verdade. Pois lembrarei aqui um homem que se esforça por se considerar sindicalista sendo sim uma força da natureza retintamente militantona/comunistóide: Mário Nogueira, possuidor e mesmo cultor de um bigode inigualável.
Raramente terá havido uma identificação tão forte entre o bigode e o seu possuidor: encrespa-se quando tece as suas críticas, como que se contém, ficando acetinado, aquando de alguma ideia luminosa que lhe permita chatear um ministro, um director de escola adverso, um professor desafecto.
E ocorre-nos uma maldade: suponhamos que por qualquer razão lhe desaparece o bigode. A nosso ver ficaria incaracterístico, glabro, quase lunar. Sem carisma, (sem bigode!) seria apenas mais um vociferador ridículo e chatarrão. Em Nogueira o bigode é uma essência do pensamento. Mais, Nogueira é o bigode. Rape-se-lhe este e desaparecerá, como que varrido por um vento imperialista, o estalinismo educacional que o seu bigode alimenta e propaga. Nogueira não tem pois como inimigo o Crato ou, mesmo, a sensatez de docentes que não queiram as sopas pró-moscovitas. O seu inimigo, ou melhor, inimiga, é algo mais prosaico mas infinitamente mais eficaz: uma simples e vulgar, uma modesta mas letal lâmina de barbear...

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