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Posted:
20 Sep 2012 03:02 PM PDT
Porque é que o estado injectou 5,7 mil milhões de euros para salvar o BPN evocando um risco sistémico quando este banco representava apenas 2% de quota de mercado?
Porque, para além da corrupção e das altas
personalidades envolvidas, o que muita gente não sabe, porque não foi
divulgado, é que muito dinheiro da Segurança Social estava lá depositado, e
essa verdade não convêm a ninguém.
Jogar na bolsa o dinheiro das
reformas.
Os descontos que fazemos para a reforma são
geridos pela Centro Nacional de Pensões da Segurança Social ou a Caixa Geral de
Aposentações (no caso das reformas da Função pública e empresas do Estado). Mas,
como é óbvio, esse dinheiro não fica a "dormir" durante anos para ser utilizado
para pagar as pensões mais tarde.
No caso da Caixa Geral de Aposentações, a carteira de investimentos é composta quase exclusivamente por títulos de dívida do Tesouro português, o que em caso de queda de valor de mercado, como tem sido o caso nos últimos anos, as perdas podem ser significativas. Só no ano de 2011, essas perdas foram de 1,46 mil milhões de euros. Esta política de investimentos, adoptada pelos sucessivos governos, há muito tempo que deixou de ser considerada segura.
No caso da Segurança Social, o dinheiro das
reformas é gerido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) que investe esse dinheiro
em títulos de dívida portuguesa, sendo assim a CGD um dos maior credores do
próprio Estado com um valor superior a 5 mil milhões de euros. Mas a CGD também
investe esse dinheiro em outras áreas.
O dinheiro da Segurança Social no
BPN.
Sabe-se que a CGD tinha várias contas no BPN
aproveitando os juros irreais praticados nesse banco, quanto não se sabe ao
certo, falava-se na altura em mais de 500 milhões de euros, mas talvez seja
muito mais. O BPN foi criado 1993, e em 1999 foi aberta uma ou várias contas
pela CGD utilizando os fundos da Segurança Social, sendo nessa altura José
Oliveira e Costa o seu presidente e o ministro responsável pela Segurança Social
no governo Ferro Rodrigues.
Pela administração e órgãos sociais do BPN e da
Sociedade Lusa de Negócios (SLN) passaram muito dirigentes de vários quadrantes
políticos, principalmente do PSD, daí que quando da nacionalização, tenha havido
poucas críticas. Dias Loureiro, por exemplo foi compadre de Ferro Rodrigues,
quando da casamento dos seus filhos João Ferro Rodrigues e Joana Dias Loureiro,
o mundo é pequeno.
A conta da Segurança Social no BPN dá-se
portanto em 1999, sendo legítima tal abertura de conta, mas depressa se
verificaram grande movimento nas entrada e saída de dinheiro pouco claras. Ainda
não é claro se parte desse dinheiro era aplicado em depósitos, acções ou
obrigações, ou se era usado nas dezenas de off-shores desse banco, ou até para
financiar certas personalidades.
Desde 2001 que decorriam vários processos
relativos ao BPN/SLN no Ministério Público, na Polícia Judiciária e na Comissão
do Mercado de Valores Mobiliários, o próprio Banco de Portugal tinha
conhecimento das prática pouca claras praticadas pelo BPN.
As apostas perdidas...para
alguns.
Com a gestão de um fundo de maneio de 2 mil
milhões de euros, a Segurança Social teria um depósito de cerca de 500 milhões
no BPN (ou mais) o que representa 25% de todo o fundo num banco que tinha apenas
2% de quota de mercado. Esse dinheiro investido pela Segurança Social foi o
principal motivo da nacionalização do BPN, um banco que custo ao Estado, segundo
alguns cálculos 8 mil milhões, e que foi vendido ao BIC por apenas 40 milhões.
Esse escândalo não podia ser revelado.
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