quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Posted: 20 Feb 2013 04:54 PM PST
Começaram por ser cerca de 30, são mais do dobro. Escolhidos selectivamente, sem assembleias populares ou voto democrático e popular sobre a organização da manifestação.
O grupo foi criado para fazer a manifestação de 15 de Setembro. Esta manifestação teve um grande impacto, impacto esse criado pelo próprio Governo quando apresentou dias antes a TSU, que levou o povo a sair às ruas em várias cidades populares. Isto já teria acontecido no passado a 15 de Outubro de 2011, com menor expressividade, tendo o Governo anunciado cortes nos subsídios de férias e Natal poucos dias antes.
Mas este grupo tornou-se um foco nacional devido à primeira organização. Por outro lado, tornou-se também alvo de fortes críticas, especialmente por ligações a partidos mas porque segundo foi contado ao Tugaleaks, este dia já estava marcado com outra manifestação em São Bento.


Em Lisboa no dia 2 de Março, não é o povo quem mais ordena

Sem Assembleias Populares ou decisões populares sobre o rumo a dar a este colectivo, o mesmo (com ênfase apenas em Lisboa) tem efectuado vários apoios a outras manifestações ou pessoas. Mas à semelhança do que se passou nos protestos do Rossio, nos Indignados de Lisboa, na Primavera Global, no 15 de Outubro e em tantos outros acontecimentos activistas, este grupo selectivo de membros tem operado sob  convite e não sob participação pública. O Tugaleaks conseguiu chegar ao contacto com duas pessoas que recusaram o convite feito “apenas a elas”. No Facebook, a maior área de influência deste movimento, não há registos de convites públicos à participação popular. Se o há, são escassos. Já no Facebook e mailinglists, vemos convites para a colagem de cartazes e para pinturas. Mas nunca para as decisões, apenas para “esforço braçal”-
A manifestação tem o slogan “O povo é quem mais ordena”. Para ordenar é preciso participar e esta plataforma está fechada à participação pública.
O activista Grazia Tanta  já tinha escrito um artigo no seu blog onde falava de grupos fechados como este:

Os grupos fechados, com controlo partidário, empapados nas suas ideologias jurássicas e de lógicas leninistas, não estão interessados na discussão política aberta, no confronto de opiniões pois, por axioma, têm sempre razão e nada têm a aprender com terceiros; mas gostam sempre de se rodear de uma corte de “compagnons de route” para se etiquetarem de unitários.

Protesto similar já estava marcado

Entre outros problemas pareceu haver um pequeno atropelo. Existia desde inícios de Janeiro um evento para o mesmo dia e apenas uma hora antes. O Cerco ao Parlamento foi um evento criado por várias pessoas, entre elas o Carlos, que contou ao Tugaleaks que “o Evento Cerco Ao Parlamento foi programado e marcado antes da marcação do Que se lixe a troika”. Afirma ainda que “os meios que o movimento QSLT têm são maiores que o nosso, têm os partidos de esquerda e as centrais sindicais por detrás, nós não temos nenhuma organização por detrás de nós, todavia penso que quando os Portugueses tiverem conhecimento dos propósitos do Movimento Cerco ao Parlamento, teremos maior aderência”. O evento foi marcado para em frente á AR pelas 15h do dia 2 de Março.
Mesmo depois de do coletivo Que se Lixe a Troika saber deste evento, confirmado com um dos organizadores, não existiu qualquer menção dela no Facebook nem na lista de eventos para esse dia, fazendo assim uma clara e infeliz falta de cooperação.

Em Lisboa no dia 2 de Março, não é o povo quem mais ordena

QSLT respondeu apenas ontem ao Tugaleaks

Depois de ter sido tornado público ontem que iria ser publicado um artigo sobre o Que se Lixe a Troika, depressa surgiu uma resposta. Paulo Raposo salienta que esta é a visão dele pessoal e responde a algumas das perguntas colocadas pelo Tugaleaks a 13 de Fevereiro e com um pedido de resposta até ao fim de semana seguinte. Sabemos entretanto que o grupo em causa teve contacto com o e-mail e com os media posterior ao nosso envio. Por algum motivo o nosso e-mail ficou sem resposta até ontem. Paulo afirma que “Não realizámos nunca assembleias populares, mas nada nos move contra as mesmas ou contra o espírito assembliário. O espírito deste colectivo é, repito, o da cooperação e articulação em torno de objectivos políticos básicos e que entendemos, nesta conjuntura actual, prioritários” e aponta estes motivos como sendo os normais das lutas sociais. Mas afirma, em relação manifestação de 2 de Março que “pertende ser justamente mais um momento de congregação e convergência da população portuguesa e residente em Portugal que deseje justamente demonstrar, nas ruas, o seu repúdio pela actual situação do país”. Afirma que são “um grupo de pessoas” e não um movimento.

O povo é quem mais ordena? Em Lisboa não!

O povo não pode ordenar em Lisboa sob comando de organizações não abertas ao diálogo nem à democracia popular. Não é possível ser usada a expressão do “povo ordenar” quando o povo não pode decidir.
No entanto, o Tugaleaks apela à manifestação na rua para fazer frente às condições miseráveis que o país atravessa e para punir os culpados como já está a ser feito legalmente.
Não podemos em consciência e como site que se pauta pela verdade da informação, de mostrar ou assim tentar, o processo anti democrático de decisões dentro do Que se Lixe a Troika, e esperar que daqui para a frente decisões que afectem todos se façam entre todos.



Lista de eventos para 2 de Março

Evento Cerco ao Parlamento para 2 de Março


Editado às 1h15: recebemos a informação de que existia não um mas dois eventos marcados antes. A lista de outro evento marcado no mesmo dia, para Lisboa e Porto, pode ser encontrada aqui.

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