A "CAMBALACHADA" POLÍTICA
NÃO É CUNHADO, É O IRMÃO DO AMANTE DA MINISTRA
DA JUSTIÇA
Mas "quem tem telhados de vidro"
deveria ter mais cuidado, particularmente quando se metem com quem não tem
papas na língua, como
é o caso deste Bastonário da Ordem dos Advogados.
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A Ministra desmentiu que tivesse nomeado
familiares para o seu gabinete. Aqui vai a resposta do Bastonário da Ordem
dos Advogados.
NÃO É CUNHADO, É O IRMÃO DO AMANTE DA MINISTRA DA
JUSTIÇA porra!
À ministra da Justiça
Publicado às 00.36
Depois de andar a acusar-me de lhe dirigir ataques pessoais,
a Sra.. ministra da Justiça veio agora responder à denúncia que eu fiz de
ter usado o cargo para favorecer o seu cunhado, Dr. João Correia. Diz ela
que não tem cunhado nenhum e que isso até se pode demonstrar com uma
certidão do registo civil. Já antes, com o mesmo fito, membros do seu
gabinete haviam dito à imprensa que ela é divorciada.
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Podia explicar as coisas recorrendo à explícita linguagem popular ou até
à fria terminologia jurídica que têm termos bem rigorosos para
caracterizar a situação. Vou faze-lo, porém, com a linguagem própria dos
meus princípios e convicções sem deslizar para os terrenos eticamente
movediços em que a Sra.. ministra se refugia.
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A base moral da família não está no casamento, seja enquanto sacramento
ministrado por um sacerdote, seja enquanto contrato jurídico homologado
por um funcionário público. A base moral da família está na força dos
sentimentos que unem os seus membros.
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Está na intensidade dos afectos
recíprocos que levam duas pessoas a darem as mãos para procurarem juntas
a felicidade; que levam duas pessoas a estabelecerem entre si um pacto de
vida comum, ou seja, uma comunhão de propósitos existenciais através da
qual, juntos, se realizam como
seres humanos. Através dessa comunhão elas buscam em conjunto a
felicidade, partilhando os momentos mais marcantes das suas vidas,
nomeadamente, as adversidades, as tristezas, as alegrias, os triunfos, os
fracassos, os prazeres e, naturalmente, a sexualidade.
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O casamento, quando existe, agrega tudo isso numa síntese institucional
que, muitas vezes, já nada tem a ver com sentimentos, mas tão só com
meras conveniências sociais, morais, económicas ou políticas. Por isso,
para mim, cunhados são os irmãos das pessoas que, por força de afectos
recíprocos, partilham entre si, de forma duradoura, dimensões relevantes
das suas vidas.
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É um gesto primário de oportunismo
invocar a ausência do casamento para dissimular uma relação afectiva em
que se partilham dimensões fundamentais da existência, unicamente porque
não se tem coragem para assumir as consequências políticas de opções que
permitiram que essa relação pessoal se misturasse com o exercício de
funções de estado, chegando, inclusivamente, ao ponto de influenciar
decisões de grande relevância política.
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Tal como
o crime de violência doméstica pode ocorrer entre não casados também não
é necessário o casamento para haver nepotismo. Basta utilizarmos os
cargos públicos para favorecermos as pessoas com quem temos relações
afectivas ou os seus familiares. Aliás, é, justamente, aí que o nepotismo
e o compadrio são mais perniciosos, quer porque são mais intensos os
afectos que o podem propiciar (diminuindo as resistências morais do
autor), quer porque pode ser mais facilmente dissimulado do que no
casamento, pois raramente essas relações são conhecidas do público.
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Aqui chegados reitero todas as acusações de nepotismo e favorecimento de
familiares que fiz à Sra. Ministra da Justiça. Mas acuso-a também de
tentar esconder uma relação afectiva, unicamente porque não tem coragem
de assumir as consequências políticas de decisões que favoreceram o seu
cunhado, ou seja o irmão da pessoa com quem ela estabeleceu essa relação.
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Acuso publicamente a Sra. Ministra de
tentar tapar o sol com a peneira, procurando dissimular uma situação de
nepotismo com a invocação de inexistência de casamento, ou seja,
refugiando-se nos estereótipos de uma moralidade retrógrada e decadente.
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A Sra.. ministra da Justiça tem o dever republicano de explicar ao país
por que é que nomeou o seu cunhado, Dr.. João Correia, para tarefas no
seu ministério, bem como cerca de 15 pessoas mais, todas da confiança
exclusiva dele, nomeadamente, amigos, antigos colaboradores e sócios da
sua sociedade de advogados. Isso não é uma questão da vida pessoal da
Sra. Ministra. É uma questão de estado.
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Nota: Desorientada no labirinto das suas contradições, a Sra.. ministra
da Justiça mandou o seu chefe de gabinete atacar-me publicamente, o que
ele, obediente, logo fez, mas em termos, no mínimo, institucionalmente
incorrectos. É óbvio que não respondo aos subalternos da Sra.. ministra,
por muito que eles se ponham em bicos de pés
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