"O monólogo das civilizações"
Um outro artigo de Alberto Gonçalves, aqui, no DN:
Uma
das poucas reacções dissidentes à abdicação de Bento XVI veio, sem
surpresas, do chamado "mundo muçulmano". Um porta-voz dos sunitas
egípcios mostrou-se esperançado de que o próximo Papa retome o diálogo
entre o Vaticano e pelo menos aquela parcela do Islão, aliás
interrompido por esta quando Bento XVI, por acaso um paradigma de
ecumenismo, não apreciou devidamente os recorrentes atentados contra
minorias cristãs e citou uma descrição menos abonatória de Maomé.
Eis
mais um exemplo acabado do multiculturalismo unilateral que teima em
presidir às relações entre o Ocidente e os observadores de Alá. "Eles"
têm o direito e até o dever de discriminar e ocasionalmente assassinar
os infiéis que estiverem a jeito. "Nós" temos o dever de tolerar o
exercício e até o direito de o legitimar mediante "argumentos" sobre a
tolerância, a compreensão e a paz universal. A "eles", sobra-lhes crença
cega e fúria purificadora. A "nós", com raras excepções, resta-nos a
dúvida e o medo. Joseph Ratzinger é uma dessas excepções.
Outra
é o historiador e jornalista dinamarquês Lars Hedegaard. Conhecem? Não
admira, dado que os media internacionais nunca lhe deram particular
atenção, a não ser para referir o "populismo" de "extrema-direita" da
força política a que pertence (na verdade, o Partido Popular rejeita a
islamização da sociedade) ou o caso em que se viu acusado de violar as
leis anti-racistas do seu país (na verdade, Hedegaard decidiu discordar
do simpático tratamento a que os muçulmanos remetem as mulheres; acabou
indultado). Hedegaard também fundou a International Free Press Society, a
qual premiou os responsáveis pelos célebres cartoons do Profeta.
Há
dias, Hedegaard foi alvo de uma tentativa de homicídio na sua própria
casa. O homicida, com aspecto árabe, chegou disfarçado de carteiro e a
arma falhou. Hoje, Hedegaard é forçado a esconder-se. O falso carteiro
continua à solta. Numa prova de que vão longe os tempos da solidariedade
para com Salman Rushdie, praticamente ninguém noticiou o facto. O
Islão, seja o radical, seja o "moderado" que raramente condena a falta
de moderação, já conquistou o nosso silêncio e a nossa subserviência. De
batalha em batalha, não tardará a ganhar uma guerra brutalmente
desigual.
Sem comentários:
Enviar um comentário