Um
jornalista tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e apanhou uma
bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da Assembleia da
República.
A propósito de uma tabela de preços do bar da AR (Assembleia da
República), postada ontem na página do facebook da Maior Tv, um
comentário de um dos nossos leitores lançou-me o desafio. Escreveu ele:
“gostava era de saber como é que ainda há pessoas que acreditam
nisto!!!! Percam tempo com coisas concretas e inventem menos!!”
Pois bem, seguindo o conselho deste nosso leitor, vamos então “perder” um pouco do nosso tempo com coisas sérias.
Consta do Orçamento da AR para este ano (publicado em Diário da
República) a rubrica: “Serviços de restaurante, refeitório e cafetaria -
960.850,00” (quase 1 milhão de euros). Prevendo-se a receita de 260 mil
euros proveniente da venda de senhas de refeição. Isto é: tendo em
conta o preço de custo, as receitas não ultrapassam os 30 por cento, o
que equivale a uma venda abaixo de custo na ordem dos 70 por cento.
Mas pior do que isto, é o facto de ser o povo português a pagar a diferença que existe entre os 260 mil e os 960 mil euros.
Para que não restem dúvidas, o povo português paga cerca de 700 mil
euros/ano para que os deputados da AR comam e bebam do melhor.
Segundo o caderno de encargos, no refeitório terá de ser servido:
Sopa: normal e dieta (obrigatoriamente elaborada com base em vegetais
frescos e/ou congelados, sendo proibido o uso de bases pré-preparadas.
São admissíveis sopas com elementos proteicos uma vez por semana – sopa
de peixe, canja de galinha, etc.).
Carne, peixe, dieta, opção, Bitoque. Pão, integral ou de mistura;
Salada; Sobremesas incluindo, no mínimo, 4 variedades de fruta e 4 de
doces/bolos/sorvete, além de maçã assada e salada de frutas.
Exige ainda o caderno de encargos, uma mesa com complementos frios
(saladas), com no mínimo 8 variedades entre as quais se incluem,
obrigatoriamente, tomate, alface e cenoura, além de molhos e temperos
variados.
Uma mesa com um prato vegetariano e mais 4 componentes quentes vegetarianos (cereais, leguminosas e legumes).
Sobre os ingredientes é exigido o seguinte:
Café: “O café para serviço nas Cafetarias deverá ser de 1ª qualidade, em
grão para moagem local, observando lotes que incluam um mínimo de 50%
de “arábica” na sua composição”.
Bacalhau: “O Bacalhau deverá ser obrigatoriamente da espécie Cod Gadusm
morhua. Pode apresentar-se seco para demolha, fresco ou demolhado
ultracongelado, observando-se como tamanho mínimo 1 Kg (“crescido”),
para confecções prevendo “desfiados” (à Brás, com natas ou similares) ou
2 Kg (“graúdo”) para confecções “à posta”.
Carnes de Aves: “Peru (inteiro em carcaças limpas com peso superior a 5
Kg, coxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos músculos
peitorais). Frango (inteiro em carcaças limpas com peso aproximado 1,2
Kg, coxas e antecoxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos
músculos peitorais).
Agora vamos aos preços
Um jornalista meu amigo tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e
apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da AR.
Recorde-se que as refeições escolares no ensino básico atingem os 3,80
euros. O jornalista comparou os preços do bar da Assembleia da República
frequentado por deputados e ministros, e ficou abismado.
Eram 8 da manhã. O jornalista pediu um café e um bolo de arroz, afim de
tomar o pequeno-almoço, tendo pago 15 cêntimos, 5 do café e 10 do bolo.
Vendo ali “mama da grossa”, o jornalista bebeu 10 (Dez), repito 10
minis, tendo pago apenas 1 euro, (pois cada mini custa apenas 10
Cêntimos)!
A meio da manhã, o jornalista “mamou” um gin Bombay Sapphire (1,65
euros), e já perto do Almoço um vodka Eristoff (1,50 euros), para abrir o
apetite.
Ao almoço, o jornalista comeu gambas, camarão tigre, lavagante,
sapateira, queijo da Serra, presunto de Barrancos, garoupa e bife do
lombo, regado com Palácio da Bacalhoa, por 3 euros!
Depois e para rematar um whisky Famous Grouse, que custou (2 euros).
Já de tarde solicitou uma garrafa de champanhe Krug (3 euros a garrafa) e caviar beluga (1 euro).
O jornalista passou a tarde no bar da AR, rodeado das deputadas Rita
Rato (PCP), Francisca Almeida (PSD), Ana Drago e Marisa Matias do (BE).
Assim, por tudo isto, o meu amigo jornalista gastou qualquer coisa
como13,30 €uros, num pequeno-almoço, almoço de marisco, com entradas de
queijo da serra, presunto e caviar, com vinho do Palácio da Bacalhoa, e
pelo meio alternadamente bebeu whisky, vodka e gin, rematando com
champanhe Krug.
Obviamente saiu com uma piela de caixão à cova, mas que foi barato lá isso foi...
Agora sim, acabamos de perder um pouco do nosso tempo com coisas sérias.
Vítor Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário