O ódio a Paulo Portas continua em alta. A razão de tamanha cegueira é
fácil de perscrutar: o regime tem os seus favoritos, e, numa cultura de
favoritismo distribuído a preceito, o ego alheio é sempre uma ameaça à
estabilidade cósmica do modo-habitual-de-fazer-as-coisas. Soares é um
bom exemplo do amiguismo atrás referido. Diz o papá do regime, na
entrevista que deu, hoje, ao periódico I, que "a promoção do
vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, que Cavaco Silva teve de engolir
depois de ter dito publicamente o contrário, como o país todo sabe, não
augura nada de bom". Não augura nada de bom para quem? Para os fautores
do amiguismo socialista? Provavelmente, não. Para o país, a resposta é,
muito provavelmente, diferente. Mais à frente, Soares acrescenta que
Portas não é "a pessoa indicada para discutir com a troika". Não é?
Porquê? António Costa é a pessoa mais indicada? Porque é que Paulo
Portas não é a personalidade política mais indicada para essa
negociação? A resposta não é difícil de antolhar: se Portas conseguir,
com bons resultados, acomodar os interesses nacionais nas negociações a
encetar com a troika, é evidente que o peso político do actual
vice-primeiro-ministro subirá em flecha. Como é simples de calcular, os
donos do regime não desejam um desfecho em que Paulo Portas possa
capitalizar politicamente os ganhos de uma boa negociação com os
credores internacionais. O que importa a este gente é que o Governo
falhe clamorosamente na concretização dos objectivos a que se propôs.
Quando o ódio é assim tão pronunciado, o melhor mesmo é agir com
celeridade, acautelando o que verdadeiramente interessa: o bem-estar dos
portugueses.
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