Greenwald tem mantido contacto com Edward
Snowden Sergio Moraes/Reuters
O analista informático Edward Snowden tem em seu poder "informação suficiente
para causar mais danos ao Governo norte-americano num minuto do que qualquer
outra pessoa na História dos Estados Unidos”, afirma o jornalista Glenn
Greenwald, que tem noticiado no The Guardian os segredos do programa de
espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA).
Numa entrevista ao diário argentino La
Nación , Greenwald afirma
mesmo que a Administração Obama deveria "rezar todos os dias para que nada
aconteça" ao analista informático que trabalhou para a NSA, porque uma eventual
divulgação de todos os documentos seria "o pior pesadelo" dos Estados
Unidos.
Questionado sobre se teme que Edward Snowden seja assassinado, o jornalista
norte-americano admite que "é uma possibilidade", embora afirme que isso "não
trará muitos benefícios para ninguém nesta altura".
"Ele já distribuiu milhares de documentos e assegurou que várias pessoas em
todo o mundo têm o seu arquivo completo. Se lhe acontecesse alguma coisa, esses
documentos seriam tornados públicos. Essa é a sua apólice de seguro", afirma
Glenn Greenwald, que tem assinado a maioria das notícias sobre o programa de
espionagem dos Estados Unidos nas páginas do jornal The Guardian , e que
diz manter contacto regular com Edward Snowden.
Mas o facto de o analista informático ter "uma enorme quantidade de
documentos que seriam muito prejudiciais para o Governo dos Estados Unidos se
fossem tornados públicos", não significa que seja esse o seu objectivo, salienta
Greenwald: "O objectivo dele é revelar a existência de programas informáticos
utilizados por pessoas em todo o mundo, sem saberem a quem se estão a expor e
sem terem aceitado conscientemente ceder os seus direitos de privacidade."
Acusado de ameaçar os EUA A entrevista de Glenn Greewald
causou mais uma polémica paralela sobre o caso Snowden, motivada por diferentes
interpretações das palavras do jornalista.
Acusado por outros jornalistas e analistas políticos norte-americanos de
estar a ameaçar o Governo dos Estados Unidos, Greenwald descreve a polémica como
"um esforço absurdo para desviar a atenção das revelações sobre a NSA".
"A alegação tantas vezes repetida de que a intenção de Snowden é prejudicar
os Estados Unidos é negada pelo facto de ele ter em sua posse todo o tipo de
documentos que podem causar danos sérios aos EUA se forem divulgados, mas apesar
disso ele não divulgou nenhum deles", escreve
Glenn Greewald no site do jornal The Guardian .
"Quando ele nos passou os documentos [sobre os programas de espionagem da
NSA, como
o Prism ], insistiu várias vezes que exercêssemos um rigoroso juízo
jornalístico sobre os documentos que devem ser publicados em nome do interesse
público e os que devem ser mantidos em segredo porque a gravidade da sua
revelação ultrapassa o interesse público. Se a intenção dele fosse prejudicar os
EUA, poderia ter vendido todos os documentos por muito dinheiro, podia tê-los
publicado indiscriminadamente ou podia tê-los passado a um adversário
estrangeiro. E ele não fez nada disso", argumenta o jornalista
norte-americano.
Edward Snowden permance no aeroporto de Cheremetievo, em Moscovo, onde chegou
no dia 23 de Junho, depois de ter conseguido sair de Hong Kong com um visto
provisório passado pelo cônsul da embaixada do Equador em Londres.
Na sexta-feira, numa reunião com representantes de organizações de defesa dos
direitos humanos, anunciou
que iria pedir asilo à Rússia , com o objectivo final de viajar para um país
da América Latina. Quase 48 horas depois do anúncio, as autoridades russas
continuam a dizer que ainda não receberam qualquer pedido oficial de asilo por
parte de Edward Snowden.
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