CIAP INVESTIGA COMPRA DA ESCOM - ARTIGO DO JORNAL i EM 06/AGO
Rodrigo Cabrita
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Transferência
suspeita de 85 milhões de euros para a Suíça leva justiça a questionar
operação entre Sonangol e Grupo Espírito Santo
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O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) está a investigar as circunstâncias em que o Grupo Espírito Santo (GES) vendeu a totalidade da sua participação na Escom à Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol). A empresa angolana pagou a título de sinal um valor de cerca de 15 milhões de euros ao GES que terá sido depositado em Lisboa.
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Além deste montante, terão sido igualmente transferidos pelos angolanos mais 85 milhões de euros, cujo rasto está a ser investigado pelos procuradores do DCIAP. Este último valor terá sido depositado directamente no Crédit Suisse através da sociedade gestora de fortunas Akoya. As suspeitas terão levado a que, no decorrer da investigação, o DCIAP tenha já solicitado a ajuda do Ministério Público de Lausanne, na Suíça.
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) está a investigar as circunstâncias em que o Grupo Espírito Santo (GES) vendeu a totalidade da sua participação na Escom à Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol). A empresa angolana pagou a título de sinal um valor de cerca de 15 milhões de euros ao GES que terá sido depositado em Lisboa.
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Além deste montante, terão sido igualmente transferidos pelos angolanos mais 85 milhões de euros, cujo rasto está a ser investigado pelos procuradores do DCIAP. Este último valor terá sido depositado directamente no Crédit Suisse através da sociedade gestora de fortunas Akoya. As suspeitas terão levado a que, no decorrer da investigação, o DCIAP tenha já solicitado a ajuda do Ministério Público de Lausanne, na Suíça.
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Os investigadores ainda estão a tentar descobrir o rasto dos 85 milhões
de euros e quem terão sido os beneficiários deste valor, que poderá ter
sido depositado em contas de empresas do GES. A
Akoya é uma empresa de direito suíço que está envolvida no processo
Monte Branco, em que se investigam suspeitas de fraude fiscal e
branqueamento de capitais.
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Foi durante a investigação deste caso que o
DCIAP se deparou com os indícios relacionados com o negócio da venda da
Escom. Confrontada
com estes factos, fonte oficial da Procuradoria-Geral da República
(PGR) limitou-se a afirmar que "o processo está em segredo de justiça".
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De acordo com informações recolhidas pelo i,
o DCIAP terá tido acesso ao contrato-promessa de compra e venda da
empresa Escom à Sonangol através de buscas judiciais realizadas ao
escritório de advogados de Ana Oliveira Bruno, nas Amoreiras, em Lisboa,
durante a Operação Monte Branco. A advogada acompanhou o negócio entre o
GES e a Sonangol como representante da Akoya.
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O i enviou várias perguntas por escrito a Ana Bruno mas não obteve resposta.
Como tudo começou
O
negócio da venda da Escom - detida em 67% pelo GES, estando o restante
capital nas mãos do luso-angolano Hélder Bataglia, presidente da empresa
- ter-se-á iniciado no Verão de 2010.
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O GES propôs o negócio à
Sonangol, tendo sido assinado em Lisboa um contrato-promessa depois do
Verão que avaliava o negócio total em cerca de 800 milhões de euros.
Formalmente, a Espírito Santo Resources, uma holding da área não
financeira do grupo GES, é a vendedora das acções da Escom à Sonangol.
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Na documentação pública sobre os negócios do GES não há informação sobre
esta operação. No site da Rioforte, outra holding do grupo que congrega
os interesses não financeiros, diz-se apenas que "a Escom, plataforma
de investimento que concentrou nas duas últimas décadas a presença no
GES em África, foi alienada".
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Como
sinal, a Sonangol, então liderada por Manuel Vicente - que agora é
vice- -presidente da República de Angola -, terá pago cerca de 15
milhões de euros ao GES. Só que, ao que o i apurou, além do
sinal, foram pagos mais 85 milhões que terão sido depositados
directamente em contas bancárias do Crédit Suisse.
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Após
a transferência desses valores, a Sonangol não realizou mais nenhum
pagamento. Manuel Vicente recusou-se a autorizar mais transferências, no
que foi seguido por Francisco de Lemos Maria, novo presidente da
Sonangol, desde 17 de Fevereiro de 2012.
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Lemos Maria chegou mesmo a pôr
em causa a avaliação dos activos da Escom, tendo concluído que o valor
da venda não poderia ultrapassar cerca de 200 milhões de euros.
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Em
Maio, Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo (BES),
afirmou que o grupo ainda só tinha recebido a primeira tranche do
pagamento e admitiu que tinham surgido "dificuldades" em concretizar a
venda do conjunto de empresas que seriam integradas na Sonangol, e que
era por isso necessário fazer "alguns ajustamentos", que estavam a ser
negociados.
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Também
Hélder Bataglia, em declarações ao "Novo Jornal", de Angola, deu a
entender que um dos pontos do impasse estaria no valor a pagar pelos
projectos da Escom: "No início das negociações foi feita uma avaliação
que chegou a números que, à época, indicavam um determinado valor de
referência. Com o passar do tempo e atendendo à conjuntura nacional, e
sobretudo internacional, tem decorrido um processo negocial necessário
para a concretização da operação."
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Depois
de um impasse, o jornal "África Monitor" adiantava em Junho que o
negócio da venda da Escom estava na recta final, tendo sido constituída
uma sociedade angolana para esse efeito. Segundo aquele site, a Sonangol
deveria fechar a aquisição de forma directa mas, na última fase, terá
optado por uma nova estratégia de investimento.
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Questionada pelo i
sobre se a venda já tinha sido concretizada, e por que valor, fonte
oficial da Rioforte afirmou: "As condições contratuais da operação de
venda da Escom são confidenciais, por isso o Grupo Espírito Santo não as
comenta."
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Confrontada com a não concretização do negócio devido a falta
de pagamento, a mesma fonte assegurou que "a Escom foi vendida no final
de 2010. Esse negócio ficou fechado nessa altura", acrescentando ainda
que esta informação não é contraditória com as declarações de Ricardo
Salgado de Maio passado que davam conta de um impasse no negócio.
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O i
enviou perguntas no passado dia 1 de Agosto para o GES, através do seu
porta- -voz, Paulo Padrão, mas apesar das insistências não obteve
qualquer resposta.
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Submarinos. Procuradoria de Munique ligou Escom a suspeitas de corrupção
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Esta não é a primeira vez que a Escom aparece visada num processo
judicial. Um conjunto de documentos apreendido naquela empresa, em plena
Operação Furacão, desencadeou um inquérito à compra dos dois submarinos
pelo Estado português à German Submarine Consortium (GSC).
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Em causa
estavam “fortes suspeitas” de que os donativos de 1 milhão de euros,
depositados numa conta bancária do CDS-PP em Dezembro de 2004, seriam
“resultado de contrapartidas conseguidas no âmbito do referido contrato
de aquisição dos submarinos”.
. Neste caso, a intervenção da Escom – que negociou as contrapartidas do concurso dos submarinos entre o Estado português e o consórcio alemão – suscitou suspeitas. Os investigadores recolheram indícios de que os montantes pagos pelo consórcio alemão àquela empresa terão ultrapassado os 30 milhões de euros. . Um valor “com aparente desproporção face à real intervenção de tal empresa portuguesa no desenvolvimento do negócio”, na perspectiva do Ministério Público.O papel da empresa – que em sua defesa sempre disse ter actuado apenas como consultora do negócio – também não escapou aos olhos da Procuradoria de Munique. . Nos autos do processo arquivado em Junho de 2012 pelo DCIAP, em que era arguido o advogado Bernardo Ayala (que representou o Ministério da Defesa no negócio), e que o i consultou, consta um email enviado a 10 de Fevereiro de 2010 pela Procuradoria de Munique às procuradoras do DCIAP Carla Dias e Auristela Pereira que compromete a Escom. . “No decurso das investigações soubemos de pagamentos a uma empresa chamada Escom UK, alegadamente uma subsidiária do Grupo Espírito Santo português. Temos a suspeita de que esses pagamentos terão sido corruptos”, informava Munique
. Neste caso, a intervenção da Escom – que negociou as contrapartidas do concurso dos submarinos entre o Estado português e o consórcio alemão – suscitou suspeitas. Os investigadores recolheram indícios de que os montantes pagos pelo consórcio alemão àquela empresa terão ultrapassado os 30 milhões de euros. . Um valor “com aparente desproporção face à real intervenção de tal empresa portuguesa no desenvolvimento do negócio”, na perspectiva do Ministério Público.O papel da empresa – que em sua defesa sempre disse ter actuado apenas como consultora do negócio – também não escapou aos olhos da Procuradoria de Munique. . Nos autos do processo arquivado em Junho de 2012 pelo DCIAP, em que era arguido o advogado Bernardo Ayala (que representou o Ministério da Defesa no negócio), e que o i consultou, consta um email enviado a 10 de Fevereiro de 2010 pela Procuradoria de Munique às procuradoras do DCIAP Carla Dias e Auristela Pereira que compromete a Escom. . “No decurso das investigações soubemos de pagamentos a uma empresa chamada Escom UK, alegadamente uma subsidiária do Grupo Espírito Santo português. Temos a suspeita de que esses pagamentos terão sido corruptos”, informava Munique
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