segunda-feira, 19 de agosto de 2013


Posted: 18 Aug 2013 04:18 AM PDT
Num artigo publicado esta semana, o Correio da Manhã decidiu publicar opiniões pessoais de jornalistas ditas num grupo privado.
O artigo, aparentemente inofensivo, fez mais uma vez abalar a confiança peculiar que algumas jornalistas e cidadãos tinham no Correio da Manhã – se é que ainda restava algumas. O CM, à procura do populismo, esqueceu-se de mencionar que o comentário do Facebok estava num grupo privado de Jornalistas, e que estes têm, como deviam ter, direito à sua opinião pessoal.

O artigo, publicado pelo CM a 14 de Agosto, diz que “levantou ontem uma enorme onda de contestação”. Essa mesma contestação virou-se ao contrário no próprio grupo privado de jornalismo, ao qual o Tugaleaks tem acesso há vários meses.
Sem qualquer respeito pela vida pessoal ou profissional da jornalista, ou sequer um consentimento para uso da sua opinião, o Correio da Manhã decidiu citar a jornalista como “Ex” de José Sócrates.



Administrador do grupo comenta a situação

Joaquim Vieira, um dos administradores do grupo privado no Facebook, esclarece que sendo “um grupo acerca acerca de comunicação e jornalismo, e formado em grande parte por jornalistas, não vejo necessidade de que haja aqui informações privilegiadas. Os jornalistas devem ser transparentes. Se se batem pela transparência e o escrutínio dos poderes públicos, só vejo vantagem em que tornem a sua atividade também transparente e escrutinável. É claro que há uma matéria reservada na atividade dos jornalistas, que é a confidencialidade das fontes, mas este também não o local para quebrar essa confidencialidade. Nunca, jamais, em tempo algum”
Já em relação à notícia do CM, afirma que “[o] que se passou classifica o tipo de jornalismo de quem o fez. Como defendo a máxima liberdade do jornalismo, não vou ao ponto de condenar a atitude. É uma opção que tenho de aceitar, mesmo que pessoalmente me desagrade. Se houve alguma violação de alguma lei, que se queixe e se defenda quem de direito. Por outro lado, quem intervém neste espaço deve ter a consciência do alcance das suas palavras”.

Fernanda Câncio foi também contactada mas preferiu não comentar a situação.
O uso de informações do grupo de jornalistas já foi também efectuado pelo DN e a jornalista Joana Latino (S)C, que na altura manifestou o seu desagrado.

Vale a pena apresentar queixa?

Quando Fernanda Câncio apresentou queixa por ser tratada como “namorada de José Sócrates”, o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas considerou em 2009 ser “tecnicamente incorrecta e deontologicamente reprovável o enfoque e identificação da jornalista como sendo ‘namorada de’”. Já para a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista é de “de interesse público” saber-se essa informação. Dois pareceres diferentes na mesma área.
No entanto, sabe-se pela leitura do Tugaleaks que raros são os casos em que uma queixa contra o Correio da Manhã dá bons frutos.
No final de 2012 o então Movimento Cívico Tugaleaks apresentou queixa na ERC contra o Correio da Manhã por mencionar erradamente uma informação numa entrevista que foi, inclusivamente, gravada. Da deliberação 19/2013, que se encontra online, pode ler-se que devia ser efectuada a “… publicação do texto em tantos suportes quantos aqueles que serviram de plataforma para a difusão do escrito original, ou seja, edição impressa e on-line… ”. Tal publicação nunca surgiu. Por duas vezes o Movimento Cívico Tugaleaks questionou a ERC sobre a multa aplicada ao CM, quer pelo atraso quer pela não publicação online do direito de resposta, mas nunca obteve resposta.
Já em 2013 o Tugaleaks noticiou que a ERC tem tido vários “avisos” ao CM pela violação de direitos de resposta e outros, mas que nunca passam de avisos, não havendo qualquer informação, pelo menos pública no site da ERC, sobre coimas aplicadas ao Correio da Manhã.


Se é jornalista ou está ligado à comunicação e pretende fazer parte do tal grupo privado, pode fazer o seu pedido. Mas lembre-se, o que disser pode ser usado numa próxima notícia e provavelmente contra si.
Posted: 18 Aug 2013 02:39 AM PDT
Criança teve acidente em actividades promovidas pela Câmara e partiu os óculos. Depois do Tugaleaks os ter contactado mudaram completamente de posição.
Tudo começa a 24 de Julho quando uma criança de 9 anos, numa actividade de férias promovida pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha, ficou com os óculos partidos enquanto brincava. Os óculos, que não são uns simples óculos mas sim óculos de correcção com alguma graduação, são de receita médica e bastante desejáveis para a melhora da visão do menor.
A mãe, que pretende para já ficar anónima, contactou o Tugaleaks em busca de respostas adequadas tendo em conta que a Câmara Municipal tinha rejeitado pagar os óculos, e tinha em vez disso contactado o pai do outro menor que foi “responsável” pelo acidente para ser ele a pagar.
Também nos informaram que a pessoa responsável por esta informação tinha inúmeras vezes sugerido um “seguro de responsabilidade civil”, que a mãe devia ter activo, que custa “apenas 5EUR”. Além do desconhecimento da situação, esta mãe tem quatro filhos e vive com as poupanças bem contadas. Ainda para mais, achava que não era a sua obrigação pagar este valor.




A 1 de Agosto o Tugaleaks contactou a Câmara Municipal e confrontou-a com as declarações da responsável e com o pedido da apólice do seguro, que mais tarde viemos a saber não ser um seguro escolar mas sim um seguro de acidentes pessoais (o mesmo que a mãe devia ter activo, presume-se). Da resposta, obtivemos apenas a indicação de que “… cumpre-me informar que o seguro não se responsabiliza por este tipo de incidentes mas a situação já estava a ser acompanhada pela Câmara Municipal que vai assumir as responsabilidades”.
Três horas depois o Tugaleaks recebe outra comunicação, desta vez da mãe a confirmar que a Câmara Municipal mudou completamente a sua posição e que iria pagar os óculos. Nos e-mails seguintes o Tugaleaks tentou obter o número da apólice e a companhia de seguros, por três vezes, mas nunca nos foi dada essa resposta pela Câmara Municipal.

Depois de assumir custos, município ainda não pagou

A dia 6 de Agosto a Câmara Municipal indicou à mãe que iria suportar os custos e que podia encomendar os óculos pois mais ou menos a dia 12 já tinha o cheque na mão. Entretanto, a própria pessoa que outrora falou do seguro “barato” deslocou-se à óptica para “apresentar” o município como interveniente no processo.
Os óculos já estão no poder do menor, mas ainda não houve pagamento. Segundo contacto da mãe para a óptica ainda não havia qualquer cheque ou montante deixado pela Câmara Municipal. Isto passado uma semana do prazo estipulado pelo próprio município.


O que fez a Comissão de Protecção de Menores?

Nada. As instalações onde decorreram algumas conversas são no mesmo gabinete das instalações da Comissão de Protecção de Menores das Caldas da Rainha. A coabitar com a Câmara Municipal está a equipa da Comissão de Protecção daquela cidade, que, ouvindo estas histórias de atrasos e da mãe não ter dinheiro imediato para os óculos (pois são mais de 200EUR) nada fizeram e em nada intervirão.
Tal conversa, partilhadas involuntariamente com esta Comissão, leva agora a mãe a “ter medo” que “peguem nas minhas dificuldades financeiras para passar a pente fino”. Afinal, são quatro filhos em clima de austeridade.

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