sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Posted: 13 Feb 2014 07:12 AM PST
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Com a prescrição de medicamentos por DCI (Denominação Comum Internacional), isto é pelo nome da molécula em vez da marca, a corrupção em Portugal passou dos médicos para as farmácias.





Há vinte anos atrás, os laboratórios farmacêuticos aliciavam os médicos com os seus medicamentos de marca, através da sua promoção e respectiva prescrição, em troca de bens materiais que iam de uma simples caneta até electrodomesticos e viagem de sonho.


Não era raro os médicos serem visitados por uma dezena de delegados de informação médica antes da suas consultas com essas aliciantes propostas em troca de umas dezenas de prescrições.


O problema não seria grave se alguns desses médicos se limitassem a prescrever uma determinada marca para uma mesma patologia em detrimento de outra.


O problema é que para atingir um certo numero de embalagens, muitos não hesitavam em prescrever um medicamento inútil para a doença do doente (com os seus devidos efeitos secundários) quando éticamente não o deveriam fazer.


Este tipo de corrupção existiu, todos sabemos, apesar de pelo peso do lobby médico existente, raramente tenha sido comprovado.


Nos últimos anos foi incrementada a prescrição por DCI com inegáveis benefícios para os doentes, pela baixa do preço dos medicamentos, mas também para as farmácias.


Com efeito, agora são as farmácias que decidem, em grande parte, qual o genérico que vendem, e esse facto faz com que tenham vantagens financeiras em vender um determinado genérico em detrimento de outro. 


Um dos problemas dos numerosos genéricos colocados no mercado é que muito têm uma origem duvidosa, apesar da Infarmed nos dizer que são seguros e bioequivalentes em relação aos medicamentos de marca. 


Tudo se passa nas farmácias como na concorrência entre a Coca-cola e a Pepsi-Cola nos restaurantes: se vender Coca-Cola (em vez da concorrente) terá 3 de borla por cada 10 vendidas. Então o restaurante, tal como a farmácia, escolhe a marca que lhes é mais rentável.


É tão simples quanto isto, a corrupção transferiu-se dos médicos para as farmácias. Agora, cada vez mais delegados de informação médica "dedicam-se" às farmácias em vez de visitar os médicos.




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