«Edifício do IVA» tem amianto e pode ter provocado 14 cancros
Seis funcionários morreram nos últimos anos.
Médicos e funcionários não hesitam em estabelecer relação entre as
doenças e a presença de amianto no edifício
Por:
tvi24
/ MM
| 2014-03-31 09:51
A presença de amianto no edifício
das Finanças da Avenida João XXI, em Lisboa, mais conhecido como
«edifício do IVA», pode ser responsável pela doença de 14 funcionários
só nos últimos seis anos. Todos têm ou tiveram cancro e seis deles
acabaram mesmo por morrer. Funcionários e médicos não hesitam em
estabelecer a relação entre a doença e a presença da substância na
estrutura do edifício.
«Houve casos de cancro do pulmão,
esófago, de pele e vários cancros de mama, e em pessoas novas, quase
todas entre os 40 e 50 anos», adianta ao jornal «Diário de Notícias» um
dos funcionários do edifício.
Os trabalhadores que morreram
«trabalhavam no edifício há mais de 20 anos», todos no quarto piso.
Passavam muito tempo no interior do edifício, porque faziam parte da
Direção de Pessoal.
Anabela Miranda é médica de clínica geral e
foi responsável da saúde ocupacional do edifício do IVA durante 20 anos.
A médica tem fortes suspeitas da causa dos cancros esteja na exposição
ao amianto. «O que é certo é que havia várias neoplasias cancerígenas e
todas em pessoas novas e a trabalhar ativamente», confirma a Anabela
Miranda.
A mesma médica fala ainda de outros problemas de saúde,
embora admita não conseguir provar a relação com o amianto através de
relatórios: «os problemas respiratórios eram às centenas».
De
acordo com o DN, em 1996, foram feitas análises ao ar do prédio. Os
resultados apontavam para «a existência de fibras de amianto no ar, mas
que não estavam a ultrapassar os valores limites estabelecidos por lei».
Mas é preciso ressalvar que, nessa altura, ainda não tinham sido
transpostas para a lei nacional as diretivas europeias sobre a matéria.
O
Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos pedem novas análises para
saberem se há ou não fibras de amianto no edifício. «É preciso averiguar
com maior rigor a situação, queremos que um laboratório isento faça
análises e que os resultados sejam tornados públicos», defende Paulo
Ralha, presidente do sindicato.