O que sabemos e não sabemos do voo desaparecido
Veja tudo o que está em causa no desaparecimento do voo 370 da Malaysia Airlines.
Na
madrugada de sábado, um avião de passageiros com 239 pessoas a bordo
desapareceu no sudoeste asiático. Os investigadores não têm ainda
explicação de como é possível um avião de tão grande porte desaparecer
sem deixar rasto.
Continuam as buscas no mar, que
envolvem barcos e aviões de muitos países. Os familiares dos passageiros
e tripulação continuam angustiados, à espera de novidades. As
autoridades avisaram-nos para se prepararem para o pior.
Existem
muitas teorias sobre o que terá acontecido. Até serem divulgadas mais
informações sobre este misterioso desaparecimento, aqui fica um sumário
do que se sabe e não se sabe sobre o voo 370 da Malaysian Airlines.
A ROTA DO VOO
o que se sabe:
O Boeing 777-200 descolou de Kuala Lumpur, capital da Malásia, às 00h41
de sábado (16h41 de sexta-feira, em Portugal). Estava previsto aterrar
em Pequim, na China, às 06h30 do mesmo dia (22h30 de sexta-feira, no
fuso horário português), depois de 3700 quilómetros de viagem. No
entanto, cerca das 01h30 de sábado (17h30 de sexta-feira em Portugal),
os controladores aéreos malaios de Subang, próximo de Kuala Lumpur,
perderam o contato com o avião que sobrevoava o mar entre a Malásia e o
Vietnam.
o que não se sabe: O
que aconteceu a seguir. Os pilotos não indicaram a existência de
qualquer problema para a torre de controlo, nem emitiram qualquer sinal
de socorro. Militares malaios explicam através dos dados de radar que,
antes de desaparecer, o avião alterou a sua rota, retornando a Kuala
Lumpur. Mas os pilotos não avisaram o controlo aéreo desta mudança de
rota. Neste momento não se sabe porque o avião deu meia volta.
OS PASSAGEIROS
o que se sabe: Estavam
239 pessoas a bordo. 227 passageiros e 12 tripulantes. Cinco dos
passageiros tinham menos de 5 anos de idade. A bordo havia pintores de
renome, escritores e trabalhadores de uma empresa americana de
semicondutores. Segundo a companhia aérea estavam a bordo passageiros de
mais de 12 nacionalidades, das regiões da Ásia, do Pacífico, da Europa e
da América do Norte. A China/Taiwan (154) e a Malásia (38) eram as
nacionalidades mais representadas a bordo. Cinco passageiros não
chegaram a descolar de Kuala Lumpur. Segundo as autoridades, as suas
bagagens foram tiradas do avião antes da descolagem.
o que não se sabe:
A identidade real de alguns dos passageiros. Duas pessoas que estavam a
bordo do avião, supostamente com nacionalidade italiana e austríaca,
tinham passaportes roubados. As autoridades estão a estudar a
possibilidade de outros passageiros do avião estarem a viajar com
passaportes falsos ou roubados.
MISTÉRIO DOS PASSAPORTES
o que se sabe:
Os bilhetes dos dois passageiros com passaportes roubados foram
comprados na quinta-feira na Tailândia, segundo mostram os registos da
companhia aérea. A Polícia afirma que um homem
misterioso de origem iraniana, conhecido apenas como Ali, comprou
os bilhetes dos passageiros que usaram os passaportes roubados no avião
desaparecido da Malaysian Airlines. Os dois bilhetes eram apenas
de ida, tinham escala em Pequim, em Amesterdão (Holanda), e destino
final em Copenhaga (Dinamarca) e Frankfurt (Alemanha). Os donos dos
passaportes roubados não embarcaram no avião - os dois passaportes
foram roubados na Tailândia (o Austríaco foi roubado em 2013 e
o Italiano em 2012).
o que não se sabe:
Quem são as pessoas que estavam a usar os falsos passaportes e se elas
têm alguma relação com o desaparecimento do avião. O responsável pela
aviação civil da Malásia, Azharuddin Abdul Rahman, disse na
segunda-feira, que as imagens das câmaras de segurança do aeroporto
mostram que os homens que viajavam com passaportes falsos "não têm
aparência de asiáticos". Mas as autoridades não avançaram mais detalhes
sobre a investigação feita às identidades dos dois homens. Os
passaportes levantaram a possibilidade do desaparecimento ter origens
criminosas. Apesar de não se conhecerem até ao momento ligações
terroristas, existe a possibilidade de sequestro do Boeing 777. Outra
explicação possível para os passaportes roubados é a tentativa de
emigrantes ilegais entrarem na Europa, como já aconteceu noutras
tentativas. E o sudeste asiático é conhecido pelo seu mercado em
expansão de passaportes roubados.
O CONTROLO DE SEGURANÇA
o que se sabe: A
INTERPOL diz que os passaportes registados como roubados na sua base de
dados. Mas não foram feitas quaisquer controlos a estes passaportes
desde o seu roubo até ao embarque no avião desaparecido. O
secretário-geral da INTERPOL, Ronald K. Noble, disse que "causa grande
preocupação" o facto de passageiros com passaportes listados como
roubados pela agência terem conseguido embarcar num voo internacional.
o que não se sabe: Se
os passaportes foram usados em voos anteriores. Como não foram feitos
quaisquer controlos nos passaportes roubados, a INTERPOL "não consegue
determinar em quantas ocasiões forma estes passaportes usados para
embarcar em aviões ou atravessar fronteiras." As autoridades malaias
estão a investigar as falhas nos procedimentos de segurança que
permitiram a estes dois passageiros embarcar no voo. No entanto, as
autoridades deste país insistem que o avião saiu de Kuala Lumpur
cumprindo todos os standards internacionais.
A TRIPULAÇÃO
o que se sabe:
Todos os membros da tripulação a bordo do voo 370 eram naturais da
Malásia. O piloto do avião desaparecido é o comandante Zaharie Ahmad
Shah, de 53 anos, com 18365 horas de voo. Trabalha na Malaysian Airlines
desde 1981. O copiloto , Fariq Ab Hamid tem 2763 horas de voo. Hamid,
de 27 anos, começou a trabalhar na companhia em 2007. Estava habituado a
voar com outro avião a jato e estava em período de transição para o
Boeing 7877-2000, depois de ter completado o seu treino em simulador de
voo.
o que não se sabe: O que
aconteceu no cockpit por volta da hora que o avião perdeu o contato com
os controladores aéreos. O avião de passageiros estava em altitude
cruzeiro, a parte do voo que é considerada a mais segura, quando
desapareceu. As condições meteorológicas não eram adversas. Os peritos
em aviação dizem que é particularmente intrigante os pilotos não
reportarem qualquer tipo de problema antes de o avião perder o contato
com os controladores.
AS BUSCAS
o que se sabe: Estão
envolvidos nas buscas, numa grande área do Mar do Sul da China perto da
zona em que o avião desapareceu, 34 aviões, 40 barcos e equipas de
salvamento de 10 países. Os detritos que foram encontrados na área das
buscas até ao momento não estão relacionados com o desaparecimento deste
avião. "Nada do que encontrámos até ao momento parecem ser destroços do
avião", disse na segunda-feira Rahman, do departamento malásio de
aviação civil. Também se determinou que o óleo encontrado na zona não é
do avião, pertence a navios de carga.
o que não se sabe: Se
as buscas estão concentradas na zona certa. As autoridades começaram as
buscas numa área perto do golfo da Tailândia, local da última posição
conhecida do avião. No entanto, os esforços de busca foram expandidos a
oeste - para o outro lado da península da Malásia - e a norte - para o
mar de Anddaman, parte do Oceano Índico. Quanto mais tempo passa, mais
as correntes oceânicas poderão intervir, complicando as buscas.
AS CAUSAS
o que se sabe:
Francamente, não se sabe nada. "Um avião destes desaparecer assim...do
nosso ponto de vista, estamos igualmente intrigados", disse Rahman
esta segunda-feira. Até porque o avião em questão, um Boeing 777-200,
tem um excelente registo de segurança no passado.
o que não se sabe: até
que as buscas sejam capazes de encontrar o avião e os seus registos de
voz e dados, vai ser extremamente difícil perceber o que
aconteceu. Peter Bergen, analista de segurança da CNN, diz que a
extensão das possíveis razões para o desaparecimento podem ser divididas
em três categorias: falha mecânica, ações dos pilotos ou terrorismo.
Mas até haver mais dados disponíveis sobre este desaparecimento, tudo o
que temos são teorias.
OS ANTECEDENTES
o que se sabe: É
raro um avião comercial de grande porte desaparecer a meio do voo. Mas
não é inaudito. Em junho de 2009 o voo 447 da Air France, que se
deslocava do Rio de Janeiro para Paris, ficou sem comunicações a meio do
Atlântico. O Airbus A330, outro avião com tecnologia de ponta,
desapareceu com 228 pessoas a bordo. Só ao fim de quatro ações de busca
ao longo de dois anos é que foi possível localizar os destroços
principais do avião e a maior parte dos corpos numa cadeia montanhosa no
fundo do Oceano Atlântico. Demorou ainda mais tempo para se poder
estabelecer as causas do acidente.
o que não se sabe: Se
o destino do voo desaparecido da Malaysia Airlines é de alguma forma
similar ao do voo da Air France. Os investigadores atribuíram a causa
do acidente do voo 447, a uma série de erros dos pilotos e a falhas em
reagirem corretamente a problemas técnicos no avião. Se não existirem
sobreviventes do avião malaio, este será o pior acidente aéreo desde 12
de novembro de 2001, quando o voo 587 da American Airlines se
despenhou perto de Nova Iorque, matando todas as 260 pessoas a bordo e
mais cinco que estavam em terra.
Sem comentários:
Enviar um comentário