sábado, 17 de dezembro de 2011

Sexta-feira, 16 de Dezembro de 2011

"O capitão tenente Oliveira e Carmo foi o último herói português na Índia. Comandante da lancha «Vega», morreu em Diu, no dia 18 de Dezembro de 1961. Diz o relatório elaborado pelos sobreviventes que «foi atingido mortalmente no peito» por disparos de um avião; antes, já uma rajada lhe havia cortado «as pernas totalmente pelas coxas». A pequena lancha de fiscalização, de 17 metros de comprido e uma única metralhadora de 20 mm, largara da doca de Diu, passou a barra e fez-se ao mar alto, em direcção ao «Delhi», um cruzador indiano de 9740 toneladas. Este assim que detectou a Vega, abriu fogo de metralhadora pesada, o que levou a Vega a retirar. Após essa manobra táctica, voltou a aproximar-se do enorme cruzador. Nessa altura, o segundo-tenente, de 25 anos, começou por se fardar «de branco», explicando aos marinheiros «que assim morreria com mais honra». Exortou-os a lutar até ao fim: «Fazemos parte da defesa de Diu e da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala se possível.» Não foi no entanto a artilharia pesada do navio inimigo que derrotou a «Vega», mas o ataque concertado da aviação inimiga equipada com modernos aviões a jacto. Durante a sangrenta batalha, a Vega, agilmente manobrada pelo seu comandante, esquivou-se às primeiras rajadas aéreas. No entanto, um novo ataque, desta vez com fogo cruzado, matou o marinheiro artilheiros e cortou pelas coxas as pernas de Oliveira e Costa. Deflagrara entretanto um incêndio na casa das maquinas que tornava impossível a manutenção da embarcação. Já ferido, despediu-se da mulher e do filho, beijando as fotografias que trazia no bolso. Foi no entanto, na terceira rajada do inimigo, superiormente armado, que viria a morrer o Capitão Tenente. O seu corpo afundou-se com a lancha Vega que heroicamente comandou e nunca foi recuperado. A título póstumo, Jorge Manuel Oliveira e Carmo foi promovido a capitão-tenente e recebeu a Torre e Espada - a mais alta condecoração portuguesa para feitos em combate. Porque hoje passam 50 anos sobre essa data, retomo um post que escrevi em 2010, numa altura em que este militar foi lembrado e homenageado. Na alocução que fez durante a sessão solene das cerimónias do Dia de Portugal em 2010, António Barreto reiterou as críticas ao povo português que é “parco em respeito pelos seus mortos” e acusa o Estado de ser pouco “explícito no cumprimento desse dever”, avisando que está na altura de “eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre veteranos de nome e veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos”.
publicado por Manuel Castelo-Branco às 19:18

Sem comentários: