por Daniel Oliveira
Todos dizem que o BANIF não é o BPN. Não posso garantir
que seja. Como, parece-me, ninguém pode garantir o oposto. Recordo-me
que o BPN, antes de se saber o que foi, também não era o BPN que hoje
conhecemos.
É que a história do BANIF ainda agora começou. Quando
se começar a destapar a tampa que esconde, como escondia no BPN, todos
os negócios que ali foram feitos, suspeito que ainda teremos muitas
surpresas. Basta dizer que aquela instituição financeira foi um dos
sustentáculos das mirabolantes fantasias financeiras do regime de
Alberto João Jardim. Razões para temer o pior.
Enquanto o governo se prepara para cortar na saúde e na educação injeta 1,1 mil milhões de euros que recebeu datroika,
e que terá de ser pago por todos nós, em bancos mal geridos. Enquanto
privatiza os lucros da ANA nacionaliza os prejuízos do BANIF. E fá-lo
com generosidade. Fica com 60% do banco, mas apenas controla 49% e
nenhum administrador.
O capitalismo entrou na sua fase mais interessante. A
velha ideia de quem paga manda já não tem validade. O Estado paga, os
que precisaram do seu dinheiro continuam a mandar. Adoro os liberais que
nos governam. Garantem um Estado forreta para quem o financia, que
somos nós, e generoso para quem dele tira proveito. Nesta altura não
ouvimos a conhecida expressão de Vítor Gaspar:"Não há dinheiro. Qual das
três palavras não percebeu?"
Publicado no Expresso Online
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