Felizmente
há algum tempo que me deixei de assistir a noticiários nas nossas
televisões por uma questão de sanidade mental, mas hoje, nem sei porquê
resolvi sentar-me em frente ao televisor e carregar no botão. Fiquei
completamente horrorizado com a campanha a que assisti.
Desde a
chantagem dos nossos "amigos" europeus que ameaçam cortar com o
dinheiro, ao arrebanhar de comentadores, uns para criticarem o Tribunal
Constitucional por ter cumprido com a sua função de fazer respeitar a
lei inscrita na Constituição, outros para nos mostrarem já onde o
governo vai obrigatoriamente ter de cortar, na saúde, na educação e na
segurança social, com a sugestão de milhares de despedimentos na função
pública.
Eram 2 mil milhões aqui, mais 700 milhões acolá, mais 1500
milhões noutro lado, mais mil milhões por todo lado. Aquilo somado dava
muitos milhares de milhões sem haver quem dissesse que o Tribunal
Constitucional só cortou 1300 milhões.
Se fizerem todos os cortes que
foram anunciando vamos ser um país riquíssimo heio de gente sem um pão
para comer. É que nos jornais os cortes já se transformam em mais
impostos e o IRS para os funcionários públicos vai subir.
É um fartar
vilanagem. Mas não refilem, tenham medo porque já paira a ameaça de não
haver dinheiro para pagar os salários de Abril (a próxima tranche de
ajuda só estava prevista chegar em Maio), Este país entrou em loucura e a
comunicação social já está a fazer a cabeça das pessoas para a
inevitabilidade, para aguentarem e calarem.
Ah, e afinal o tal relatório
do FMI, a dizer aquilo que o governo pediu para lá vir escrito e que
era só um estudo, uma achega ao debate da "refundação do estado" agora
já é a Bíblia dos próximos tempos e há que começar a cumprir com os seus
mandamentos.
Mais gente para o desemprego, mais cortes nos salários,
nos subsídios, aumento das taxas moderadoras, das propinas, dos horários
de trabalho, da idade da reforma e sei la´que mais. Ah, e para a semana
troika vem de novo a Portugal entregar mais um caderninho de exigências
e medidas e quem sabe um segundo resgate. Realmente não somos a Grécia
mas alguém me vai ter de explicar a diferença que não seja um ano de
atraso na rota da miséria.
O Bastonário da Ordem dos Médicos já veio avisar que se houver mais
cortes na saúde há o perigo de começarem a morrer mais gente nos
hospitais por falta de condições. A Troika mata e tudo em nome do lucro,
dos mercados.
Num
país onde o Mexia da EDP ganha 8500 euros por dia e onde o tal bandalho
do Ulrich, veio dizer que os portugueses aguentam, a pergunta a fazer.
Vamos mesmo aguentar ou vamos dizer basta? vamos ficar parados a
assistir a mais esta vergonha? Vamos ficar à espera que alguém se lembre
de convocar mais uma manifestação para daqui a uns meses?
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