terça-feira, 6 de agosto de 2013


Swaps e zeros políticos

por John Wolf, em 06.08.13
 
O porta-voz dos socialistas João Ribeiro quer saber se Passos Coelho mantém a confiança na equipa de finanças. De acordo com o júnior do Rato - "a credibilidade está perto do zero". Gostaria de saber de que lado do zero se encontra a credibilidade. Se no lado do mais ou no lado do menos. Se na coluna do haver ou na coluna do dever. Na coluna do haver podemos confirmar que quer os social-democratas quer os socialistas estão metidos ao barulho. Ambas os grémios do poder estão envolvidos nesta trapalhada interminável de SWAPS. Podemos afirmar que existe mesmo uma coligação involuntária de responsabilidade que se estende do largo do Rato à Rua de São Caetano, de um governo para o seguinte. Na coluna do dever (com maiúscula), o campo onde o sentido ético impera, toda a verdade deveria ser exposta sem reservas, por forma a que as ilações pudéssem ser tiradas e as consequências distribuídas pelos senhores do destino nacional. O carinha-laroca João Ribeiro tem várias coisas que não jogam a seu favor. Em primeiro lugar, mesmo que esteja a falar em nome da magna instituição, deve estar preparado para responder à letra (e ao número). O aluno João Ribeiro vem da mesma área de formação de Ana Drago - sociologia-, e embora seja uma disciplina interessante, pouco serve para interpretar os números que estão associados a instrumentos financeiros complexos ou seus derivados. De repente somos obrigados a mascar as palavras de razão de alguém que não reúne as ferramentas adequadas para aferir se os contratos SWAP são uma coisa boa ou má. O senhor em questão percebe de análise fundamental ou técnica? Sabe ler gráficos? Consegue interpretar padrões de tendência inscritos em candlesticks japoneses?Percebe de mercados? Percebe de economia?Francamente não sei responder. Talvez possa provar o que sabe em Setúbal onde deseja estagiar até ser chamado por Seguro para uma missão de maior vulto. Não deixa de ser curioso que no PS, os caminhos trilhados na ascensão política, obedecem a uma mesma diáspora, a um semelhante DNA de residências mais ou menos temporárias. Macau parece ser uma antecâmara para a descolagem política dos socialistas. João Ribeiro por lá passou, assim como António Vitorino ou Jorge Coelho. O território, embora desaparecido da administração Lusa, foi sempre uma espécie de offshore político, uns bastidores asiáticos de São Bento, próximo dos negócios da china, dos jogos de azar e fortuna, na distância adequada para cair no esquecimento. Quem disse que Portugal não tem lobbies, tem razão: localizam-se no oriente. Os SWAPs, qual ficha de casino, são o joguete do momento, o bastão que vai passando de mão em mão, para ir queimando cartuchos que nada têm a ver com a salvação do país. A reposição de toda a verdade respeitante a esta forma de controlar danos financeiros, implicaria recuar aos primórdios do conceito de risco. Envolveria analisar retroactivamente decisões políticas de outros tempos. Quando o Rei D. Sebastião lançou-se a galope em Alcácer-Quibir, já estaria a esboçar os termos de um SWAP sem o saber. Correu um risco e o país pagou um preço elevado. Se a coisa tivesse acontecido de modo diverso e Marrocos se tivesse transformado numa colónia Portuguesa jamais alguém ousaria questionar o propósito da campanha. Não sei se me faço entender, mas o coitadito do SWAP  não tem culpa nenhuma, é mais uma arma ao serviço da sobrevivência económica e financeira. O problema está nos cavaleiros que o utilizam como arma de arremesso. O desgaste que sentimos tem a ver com o facto dos políticos não se apearem das suas montadas para se redimir perante as derrotas infligidas pela dureza das mentiras. A verdade pode repor a honra de não se sabe bem quem, mas não gera emprego e crescimento, que é o que o país precisa urgentemente. O resto são detalhes de história. Os oradores de ocasião que se escondem atrás de púlpitos partidários serão esquecidos ou levados pelos ventos autárquicos.

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