Se ilações há a tirar é a de que os partidos do governo se aguentaram extremamente bem. Os resultados, em termos autárquicos (presidentes eleitos, etc) foram desastrosos, mas quanto a apoio popular há que tirar o chapéu aos partidos do governo porque a diferença de votação foi de -1.91%.
Se não se pretende misturar alhos com bugalhos projectando os resultados das autárquicas em termos de legislativas, muito bem. É o melhor. Mas se se pretende tirar ilações, olhe-se bem a excelente tendo em atenção o cenário em que vivemos. Pessimamente, vai o PS neste mesmo cenário por conseguir apenas +1.91% que os partidos do governo.
Pode ainda dizer-se que estes resultados em termos legislativos dariam uma diferença mais folgada ao PS porque se está a somar o PSD com o CDS. Tá bem (partindo do princípio que não concorreriam coligados). Mas do ponto de vista das ilações políticas, o governo saiu-se extremamente bem e o resto são soudbytes de comunicação social fascista.
Mais umas quantas crónicas exemplares...
Sua Excelência, o autarca
Há dias, li
um jornalista jurar que a Lisboa actual está sempre em festa, cheia de
animação, eventos culturais, artes de rua e "iniciativas" em geral, logo
(sublinho o "logo"), o jornalista em causa apoia a reeleição de António
Costa. Ainda que não fosse essa a intenção, é difícil resumir melhor a
relação dos portugueses com o poder, e sobretudo com o poder local.
Para o
cidadão comum, aquilo que acontece numa cidade, Lisboa ou outra, é
necessariamente resultado das decisões - ou da falta delas - dos
senhores que ocupam a autarquia. Se a cidade é pródiga em bares,
espectáculos musicais, exposições e homens-estátua, o mérito é da câmara
municipal. Se a cidade anda mortiça, a culpa é da câmara municipal. Os
munícipes, criaturas sem vontade própria que seguem as decisões
autárquicas como os zombies seguem mioleira fresquinha, não são para
aqui chamados, excepto para exaltar a sumidade que espevitou a vida
urbana ou criticar a nulidade que deixa a vida urbana desligar-se às
sete da tarde. Aparentemente, ninguém é capaz de se instalar a servir
copos, organizar concertos ou espirrar três vezes sem o aval, e talvez o
patrocínio, de Sua Excelência, o autarca. A ausência de vida para além
dos Paços do Concelho não só é uma concepção absurda: se calhar, é
verdadeira.
Em países
civilizados, é possível visitar uma cidade, ler sobre uma cidade ou
espreitar um documentário alusivo a uma cidade e nem sequer notar a
existência do senhor presidente da câmara. Em Portugal, isso seria tão
estranho quanto um vereador balbuciar uma frase que não inclua a palavra
"valências". Não há "apontamento de reportagem" acerca de qualquer
lugarejo sem depoimento do senhor presidente. Não há jornal local sem 37
fotografias do senhor presidente. Não há procissão de Nossa Senhora dos
Aflitos sem a presença do senhor presidente junto da protagonista. Não
há instalação instalada em galeria sem autorização do senhor presidente.
Não há garrafa de vodca aberta às duas da madrugada sem uma vénia ao
senhor presidente, que afinal criou as "condições" para que os súbditos
se embriagassem com galhardia. O senhor presidente, emanação do Estado,
encontra-se por toda a parte, numa consumação assustadora das "políticas
de proximidade" que o jargão da classe promete "incrementar".
Puro
Terceiro Mundo? Obviamente. Ou, se não apreciarem a expressão, herança
de séculos de pobreza e dependência, que mantêm o povo petrificado, à
espera das migalhas largadas por quem manda. Se a "festa" lisboeta se
deve de facto ao dr. Costa, a "festa" é uma exibição do nosso permanente
atraso, hoje, aliás, celebrado em eleições.
Uma fraude e uma ofensa
Antes de
mais, a boa notícia: um estudo da universidade inglesa de East Anglia
confirmou que a Terra um dia se aproximará demasiado do Sol e nenhuma
forma de vida sobreviverá. A má notícia é que esse dia só ocorrerá daqui
a 1,75 mil milhões de anos, no mínimo, ou 3,25 mil milhões de anos no
máximo. Ou seja, por um lado Keynes tinha razão quando sugeria que
gastássemos à tripa forra, já que "no longo prazo", cito, "estaremos
todos mortos". Por outro, teremos muito tempo para suportar as
consequências de tão desvairada filosofia e a retórica de gente como
António José Seguro.
Num discurso
em Coimbra, durante a campanha das "autárquicas", o dr. Seguro explicou
pela enésima vez que "O Estado social não é um capricho dos
socialistas, mas uma necessidade dos portugueses para combater as
desigualdades sociais". E acrescentou: "Quem defende um Estado mínimo, a
única coisa que está a dizer é que os portugueses ficam entregues à sua
sorte." A primeira frase é uma demonstração de iliteracia económica, a
segunda um insulto pouco velado à população.
Vamos por
partes. Mesmo sem perceber o que é que o "Estado mínimo" tem que ver com
o Governo em funções e mesmo sem discutir as hipotéticas virtudes do
Estado dito "social", no fundo uma maneira de submeter recursos aos
critérios redistributivos de quem manda e, com frequência, um sistema de
perpetuação da desigualdade, a verdade é que até as necessidades dos
portugueses, ou pelo menos as necessidades decretadas pelo dr. Seguro,
dependem dos meios existentes para financiá-las. Prometer maravilhas sem
acautelar o dinheiro que as paga talvez excite a ala esquerda do PS e
algum eleitorado, mas constitui de qualquer modo uma burla.
E a segunda
frase acima constitui, repito, uma ofensa. Qual é o mal de os
portugueses ficarem entregues à sua sorte? Salvo casos excepcionais de
miséria ou invalidez, a posse do próprio destino é uma bênção e uma
prerrogativa da liberdade. Infelizmente, os senhores que passeiam
superioridade moral e preocupação para com o povo entendem que o povo
padece de rematada estupidez. E, quando lhes confia a vida, o povo
dá-lhes certa razão.
A carteira e a vida
É costume os
media divulgarem extasiados que uma publicação ou um site quaisquer
distinguiram Lisboa, ou o Porto, ou o Douro, ou o Algarve, ou o Cacém
como o "melhor destino turístico" da Terra, ou da Europa, ou da
Península Ibérica, ou dos países mediterrânicos cujo nome começa pela
letra pê.
O êxtase foi
menor quando um teste da Reader"s Digest colocou Lisboa no último lugar
em honestidade entre 16 cidades. Ou no primeiro lugar em desonestidade.
Eis o teste: espalharam-se 12 carteiras recheadas com documentos
pessoais e 30 euros (ou o equivalente) por cada uma das cidades. E
depois esperou--se a devolução. Em Helsínquia, 11 carteiras regressaram
ao dono. Em Bombaim, nove. Em Nova Iorque e em Moscovo, oito. Em Lisboa,
uma. Uma, abaixo de Madrid, Praga, Rio de Janeiro e Bucareste, os
lugares seguintes na tabela da pilhagem de ocasião.
Conclusões? A
dimensão e a aleatoriedade do teste não chegam para tanto. No máximo, o
teste ajuda a desmontar o mito de que os pobres são menos propensos à
rectidão. Curiosamente, trata-se de um mito tão propagado pela direita
"darwinista" quanto pela esquerda "conscienciosa". Uma acha que a
pobreza reflecte os traços de inferioridade dos que a sofrem, incluindo a
preguiça ou a tendência para a trapaça. A outra sonha com uma multidão
de pobres que subverta o "sistema" através do crime. No mundo real,
naturalmente, as condições económicas não influenciam o carácter.
Mas isso já
se sabia. E, no resto, o alcance da brincadeira do Reader"s Digest é
limitado. Será que, por coincidência, o teste encontrou os únicos 11
indivíduos malformados a operar na capital? Será que no Porto, em Braga,
em Faro ou em Coimbra os resultados mudariam ou o problema é nacional?
Será que os turistas que confessam deixar cá um pedacinho de si estão a
elogiar a hospitalidade pátria ou literalmente a constatar um facto?
Falar sobre o tempo
Parece-me
que os peritos procuram novidades da crise económica internacional nos
indicadores errados. A maior evidência de que o pior já terá passado
está no regresso em força do Painel Intergovernamental para as
Alterações Climáticas (IPCC), que anda outra vez a alertar para o
Apocalipse.
Nos últimos
cinco anos, em parte pelas falcatruas que desacreditaram o organismo, em
parte pelo facto de as pessoas terem coisas mais sérias com que se
ocupar, o IPCC praticamente sumiu do que agora se chama "espaço
mediático". O "aquecimento global", e sobretudo o "aquecimento global"
com origem na actividade humana, afinal o evangelho do IPCC, viu-se
trocado na atenção pela "bolha" imobiliária, as complexas operações da
alta finança, os resgates da banca, os gastos dos governos e,
principalmente, os apertos das populações, mais preocupadas em chegar ao
fim do mês do que em assegurar que o Pólo Norte chegue ao fim do
século.
Assistir, em
2013, às manchetes sobre o clima que faziam furor em 2007 é, além de um
consolo nostálgico, um sintoma de que a economia internacional se
encontra em recuperação e de que, não tarda, poderemos voltar a
consumirmo-nos com ninharias especulativas. As promessas do fim do mundo
são sempre uma garantia de que o mundo vai benzinho, obrigado.
Novidades literárias
Não sei o que é mais engraçado, se o anúncio de que o eng. Sócrates escreveu um livro, se o facto de o livro versar a tortura, se a circunstância do prefácio ser assinado por Lula da Silva, esse fenómeno de integridade e rectidão que assolou - e, por interposta gente, ainda assola - o Brasil. Por este andar, assistiremos em breve ao lançamento da "Nova Gramática da Língua Portuguesa", obra de Manuel Almeida, candidato do PTP à autarquia de Gaia. Com prefácio de Jorge Jesus.
João César das Neves: O erro de Kant
Novamente João César das Neves em mais um texto de referência:
"Isto está tudo errado. É preciso deitar fora e começar de novo." Desde a escola primária, todos conhecemos esta situação drástica e terrível. Mas o que é habitual nos desenhos e nos trabalhos de casa surge também aplicado a questões económico-sociais. Não faltam os que, desesperados com problemas agudos, propõem mudanças radicais no País, classe dirigente ou sistema internacional. É preciso repensar tudo.
Quem o diz com seriedade tem em geral objectivos generosos e voluntaristas, mas não se dá conta da arrogância subtil de que é vítima. O mundo é como é, e se por acaso a existência não lhe agrada, ninguém lhe dará outra. Nem a natureza nem a humanidade lhe têm de prestar contas. Ninguém o nomeou sequer juiz, quanto mais proprietário da realidade. Tudo o que temos é dom, pois nascemos nus das nossas mães. Isso significa que uma gratidão fundamental é condição prévia para abrir os olhos todas as manhãs. Uma vontade empenhada de melhorar o que há, por louvável que seja, pode fazer-nos esquecer esta verdade. Os únicos revolucionários bem-sucedidos foram pessoas humildes e gratas.
O erro de desprezar radicalmente a realidade, arrogando-se o direito de a melhorar, é uma atitude eminentemente moderna. Pode corporizar-se num dos textos constitutivos da cultura contemporânea, o ensaio "O que é o iluminismo?" (Was ist Aufklärung?), publicado no número de Dezembro de 1784 do Berlinische Monatsschrift pelo grande filósofo Immanuel Kant. A primeira frase do texto, que inclui a desejada definição, diz tudo: "Iluminismo é a emergência do homem da sua auto-imposta imaturidade."
O grande movimento histórico que esta frase lançou, e que ainda permanece, merece três comentários. O primeiro é que se baseia numa das atitudes mais grandiosas, inspiradoras e empolgantes que a humanidade alguma vez sentiu. Confiantes na liberdade, na ciência e na técnica, os iluministas e seus sucessores entregam-se para construir uma sociedade perfeita ou, pelo menos, mais justa, nobre e feliz. O segundo ponto é que graças a ele tivemos e continuamos a ter benefícios espantosos. A referida "emergência do homem" traduz-se em inúmeras vantagens, da medicina à democracia, das comunicações à arte, do conforto à criatividade. Vivemos há 250 anos em progresso intenso, pelo que temos dificuldade em imaginar a vida quotidiana do século XVIII ou prever a que nos espera dentro de décadas.
O terceiro aspecto é que, sem esquecer estes elementos maravilhosos, a atitude sobranceira do Iluminismo deixou muito estrago. A vontade de fazer de novo, rejeitando o que havia, demoliu inúmeras coisas boas, dos guilhotinados da Revolução Francesa ao aquecimento global. No limite, holocausto nazi e gulag soviético foram as manifestações supremas da ingenuidade iluminista.
Quando alguém tem a petulância de menosprezar como "auto-imposta imaturidade" tudo que o antecedeu e rodeia, desdenha coisas magníficas que não entende. Se o ser humano sobe para o montículo que construiu e se proclama senhor da natureza e da história, todo o universo desata a rir. Quando uma criatura se assume dona da sua consciência e do seu corpo, das suas relações e posses materiais, fará muita asneira. Por muito culto e inteligente que seja - e muitos, como Kant, eram -, por muitos avanços técnicos e científicos que consiga - e muitos conseguiram -, elabora a partir de uma mentira radical: o mundo e a sociedade não nos pertencem. Nem sequer eu me pertenço a mim.
Podemos situar aqui quase todos os terríveis dramas que nos afligem. Da poluição à crise financeira, da corrupção às guerras e revoluções, do aborto e do divórcio à droga e ao terrorismo, nestes e tantos outros temas, há sempre alguém que se sente capaz de comandar a si e ao universo.
Assim, o erro de Kant, corolário do erro racionalista de Descartes, está na origem desta sociedade rica e próspera, mas injusta, desorientada, deprimida. Os últimos dois séculos foram espantosos, mas, como o filho pródigo da parábola, o Ocidente esbanjou a vasta herança que exigiu e vê-se a guardar porcos.
Domingo, 29 de Setembro de 2013
Só Sadam conseguiu melhor
O BE ainda se mantém ligeiramente acima de 1% (1.05%).
Estão praticamente reunidas as condições para continuar a reclamar que representa 99% dos portugueses.
Estão praticamente reunidas as condições para continuar a reclamar que representa 99% dos portugueses.
A marcha para o governo mundial: Constitucionalismo Global
Algo que todos negam hoje e falarão de, amanhã.
Há muita gente distraída, mas ...
Há muita gente distraída, mas ...
Da perplexidade
Escreve PG aqui:
Comentário meu:
Fica a dúvida sobre se a parte divertida é a referente à perplexidade pela qualidade, se pela sapiente determinação de quem percebe ou não, ou ainda se é esse ou outro o vector a valorizar.
A Parte Mais Divertida Da Reflexão Eleitoral… [...] … é aquela das teorizações sobre o voto branco e nulo, em especial quando feita por quem percebe um bocadinho muito específico dos mecanismos eleitorais, que é pior do que quando é feita por quem não percebe mesmo nada.
Comentário meu:
Fica a dúvida sobre se a parte divertida é a referente à perplexidade pela qualidade, se pela sapiente determinação de quem percebe ou não, ou ainda se é esse ou outro o vector a valorizar.
Sexta-feira, 27 de Setembro de 2013
As Verdades que a Imprensa Brasileira Omite - Bolsonaro
Um cheirinho do nosso futuro, temporariamente travado mas "aproveitado" para desenvolvimento de teses sobre "tortura".
As aventesmas das renováveis ao poder - II
EDP renováveis é eixo da 'coisa'.
Todos os bancos estão entalados até ao pescoço com créditos de investimento nas renováveis e é essa uma das razões por que o governo tem hesitado entalar a cáfila. Se a entalar, estoira a bomba nos bancos.
A “demissão” de Portas parece cada vez mais ter sido uma manobra de agressão da cáfila ao governo. Moreira da Silva terá sido outra das toupeiras instaladas no processo.
Neste momento temos um governo-sombra chamado “renováveis”. Daí o recente apoio de Mexia a medidas que não salpicariam as renováveis. Aposto que a coisa se irá repetir sempre em prol do “ambiente”.
Todos os bancos estão entalados até ao pescoço com créditos de investimento nas renováveis e é essa uma das razões por que o governo tem hesitado entalar a cáfila. Se a entalar, estoira a bomba nos bancos.
A “demissão” de Portas parece cada vez mais ter sido uma manobra de agressão da cáfila ao governo. Moreira da Silva terá sido outra das toupeiras instaladas no processo.
Neste momento temos um governo-sombra chamado “renováveis”. Daí o recente apoio de Mexia a medidas que não salpicariam as renováveis. Aposto que a coisa se irá repetir sempre em prol do “ambiente”.
Da tribunalícia governação
Parece que estamos no filme de António Gramsci.
Segundo ele, a esquerda manter-se-ia eternamente no poder se
conseguisse ir lentamente penetrando as instituições, todas elas, e
fossem quais fossem os sapos que tivesse que engolir. Olavo de Carvalho bem o explica.
Já bem agarrada às instituições, caberia a cada militante servir de agente de dinamização do que a ela interessasse ou de agente de resistência passiva ao que não lhe interessasse.
A recente mania de tudo se enviar para tribunal (providências cautelares, etc) vai nessa linha. A recente recusa da AR em clarificar o que pretende com a lei das incompatibilidades de autarcas, idem. Este imiscuir do TC em assuntos de governação em geral, ibidem.
Esta é a esquerda de Lula, do mensalão, de que Sócrates é pupilo. É a esquerda do perfeito idiota útil sul-americano tendo Cuba como exemplo inspirador.
Com as instituições já bem tomadas por dentro, pode parece haver uma democracia, mas quem for eleito governa apenas na parte que conseguir furar à esquerda-das-instituições.
Já bem agarrada às instituições, caberia a cada militante servir de agente de dinamização do que a ela interessasse ou de agente de resistência passiva ao que não lhe interessasse.
A recente mania de tudo se enviar para tribunal (providências cautelares, etc) vai nessa linha. A recente recusa da AR em clarificar o que pretende com a lei das incompatibilidades de autarcas, idem. Este imiscuir do TC em assuntos de governação em geral, ibidem.
Esta é a esquerda de Lula, do mensalão, de que Sócrates é pupilo. É a esquerda do perfeito idiota útil sul-americano tendo Cuba como exemplo inspirador.
Com as instituições já bem tomadas por dentro, pode parece haver uma democracia, mas quem for eleito governa apenas na parte que conseguir furar à esquerda-das-instituições.
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2013
Autárquicas, Isabel A Endocrinologista, Marco Mouro na Costa
Alberto Gonçalves dixit:
Clima de festa
Parece
que o presidente da Câmara Municipal de Esposende (CME), João Cepa,
gastou 5266,80 euros dos cofres do município para oferecer dois mil
terços a outros tantos idosos do concelho. Não satisfeito, acrescentou
16560 euros, naturalmente públicos, para alugar 32 autocarros e enviar
os ditos idosos numa peregrinação a Fátima. Na página do Facebook da
CME, conclui-se que a viagem foi um sucesso, com direito a missa,
piquenique junto ao santuário e, cito, "a partilha dos farnéis e o
convívio entre os participantes, em clima de festa e alegria". Os que
defendem o social-democrata João Cepa, leia-se o próprio, explicam que o
homem não é candidato nas próximas eleições autárquicas. Os que o
atacam evocam a separação entre o Estado e a Igreja.
É
evidente que concordo com os segundos, embora me pareça que a restrição
não baste. Além de se separar o Estado da Igreja, proeza que, aliás, já
foi razoavelmente consumada há décadas, convinha com urgência separar o
Estado do dinheiro alheio. A menos que se ache que o único problema
desta história passa pelo carácter religioso das prendas e do destino.
Se o sr. Cepa tivesse oferecido ao povo duas mil garrafas de espumante e
um passeio à Bairrada, o caso seria diferente? Suponho que não.
Limitar
a generosidade dos autarcas apenas nas matérias da fé é continuar a
dar-lhes livre trânsito para estraçalharem o rendimento de quem trabalha
em pândegas sem eucaristia, rotundas sem evangelho, "multiusos" sem
sacerdote, "requalificações" de "envolventes" sem redenção. E isto para
ficarmos pela iconografia mais representativa do entusiasmante "poder
local".
Se
quisermos ir um bocadinho além, consultar o portal base.gov.pt é
descobrir todo um universo de despesas peculiares em que as autarquias
também se especializaram. Há os cinco mil euros gastos pela CM de Faro
nos serviços de "manutenção e suporte" de um "software de gestão
desportiva", os sete mil euros gastos pela CM de Miranda do Corvo em
bilhetes de avião para a Turquia, os 42 mil euros gastos pela CM de
Barcelos num misterioso "compressor Nitrox", os 24 mil euros gastos pela
CM da Amadora na "concepção de um desdobrável para as eleições", os dez
mil euros gastos pela CM de Sousel num espectáculo com "o artista "Quim
Barreiros"" (curiosamente, "artista" aparece sem aspas), os quatro mil
euros gastos pela CM de Loulé em máquinas de musculação ("e stepper"),
os 54 mil euros gastos pela CM de Serpa na "aquisição de serviços para a
direcção do Centro Musibéria", os 6500 euros gastos pela CM de
Aljustrel num "monobloco em betão", os 50 mil euros gastos pela CM de
Vila Pouca de Aguiar na "tradicional Feira das Cebolas" e, para não
cansar e terminar em grande, as largas dezenas de milhares de euros
gastos pela CM de Lisboa em incontáveis passagens aéreas para Dublin,
Odense, Belfast, Luxemburgo, Helsínquia e onde calha.
Tudo
isto, acreditem ou não, são exemplos colhidos na semana agora finda, em
suposta época de crise. Multipliquem-nos pelas cerca de duas mil
semanas de municipalismo democrático e não se esqueçam: no dia 29,
corram às urnas. O voto é um direito e um dever. E, para eles, uma festa
e uma alegria.
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Bombocas à noite
O
jornal i entrevistou Isabel do Carmo, a endocrinologista que, pelo
aspecto, possui a legitimidade de um alcoólico que é cirurgião hepático,
e a ex-terrorista que lutou à bomba pelo tipo de sociedade que
admirava. Podia ter sido pior: em vez de uma entrevista amável, o i
podia ter concedido uma comenda à senhora. Mas disso o antigo presidente
Jorge Sampaio já se encarregara.
Ainda
assim, a referida entrevista é suficientemente comovente. Desde logo,
pela preocupação que a dra./camarada Isabel dedica ao futuro do SNS,
regime que acha merecer a exclusividade total dos médicos. E se a
dra./camarada Isabel acumulava há décadas o serviço público com o
privado, isso deveu-se apenas a razões logísticas. Ou, como ela explica:
"A certa altura, é um caminho irreversível." Porquê? Porque "a pessoa
ganha uma certa notoriedade que torna difícil voltar atrás". E porque o
Estado só é bom quando rouba os outros: "Ando a trabalhar no privado
para pagar os impostos do público." Muitos andamos, minha senhora.
Espantosamente,
a entrevista consegue melhorar. Não é todos os dias que uma jornalista
faz uma questão tão pertinente quanto: "É o jeito para mobilizar que
liga a Isabel do Carmo de 73 anos à jovem das Brigadas Revolucionárias?"
Porém, o segundo grande momento da História da Imprensa Ocidental é a
pergunta: "Sendo médica, como é que se gere a defesa da luta armada?" O
primeiro momento é a resposta: "Gere-se bem."
O
resto da peça mantém este nível. A dra./camarada Isabel conta que se
reunia em hospitais com "Zeca" Afonso (um excelente aproveitamento de
recursos), invoca a aprovação de Otelo (esse baluarte do juízo), informa
que se limitava a colocar "bombas à noite" (e que a classificação de
bombista é uma calúnia "da direita e da extrema-direita") e garante que
hoje não voltaria à luta armada na medida em que não lhe "apetecia ir
para a cadeia [risos]" (a moral é uma mariquice que não a detém). A
terminar, a jornalista exibe extraordinária coragem: "Tem algum doce
preferido?" "Bombocas?"
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A renegociação a 500 euros/mês
Marco
António (Costa) é daquelas coisinhas tão pequeninas e engraçadas que
apetece levar para casa. Mas não para a minha. Um destes dias, para que
não parecesse que o CDS era o único membro da coligação a alinhar nos
clichés contra o Fundo Monetário Internacional, Marco António (Costa),
todo lampeiro, insurgiu-se: o FMI padece de "hipocrisia institucional",
já que os seus responsáveis terão afirmado num alegado relatório que a
austeridade aplicada a Portugal é excessiva. E depois os malvados
"mantêm-se inflexíveis" nas negociações.
Coitadinho
do Marco António (Costa), que ainda não percebeu a enrascada pátria.
Mesmo que tal afirmação e tal relatório sejam verdadeiros, importam
menos os estados de alma de algum funcionário da entidade do que os
factos, e estes mostram que a intervenção local do FMI, acompanhado
pelos dois terços não tão benignos da troika, só existe porque a classe
política a que Marco António (Costa) pertence e o bom povo que a
legitima criaram uma situação que tornou a intervenção necessária: eles
mandam; nós colocámo-nos a jeito de ser mandados. A alternativa, de que
pelos vistos ele não se lembra, era a bancarrota absoluta. Assim,
estamos numa bancarrota assistida, na qual uns senhores emprestam (a
juros) o suficiente para que isto possa fingir que é uma nação soberana e
inúmeras figuras gradas da nação querem mandar os senhores pentear
macacos (embora por palavras mais viris). O patriotismo é muito lindo.
Infelizmente,
os patriotas não explicam onde arranjaríamos o crédito caso os credores
decidissem abandonar-nos à nossa sorte. Ou explicam, o que é igual. A
ideia consiste em preservar a troika só que em versão boazinha: eles
continuam a mandar-nos o dinheiro; nós dispensámo-nos de condições
aborrecidas como a de ter de pagá-lo. Ou, no máximo, obrigamo-nos a
pagar em suavíssimas prestações, semelhantes à que a autarquia de Vila
Nova de Gaia, que contou durante anos com os brilhantes préstimos de
Marco António (Costa), cobra ao FC Porto pelo centro de treinos ou lá o
que é. O centro custou aos contribuintes 16 milhões. O clube abate 500
euros mensais. Daqui por 2666 anos - por extenso: dois mil, seiscentos e
sessenta e seis -, aquilo estará pago. A Câmara Municipal de Gaia é
generosa com o que não é seu. O FMI é cioso do que é. Vá-se lá
compreender o mundo. Não admira que Marco António (Costa) nem tente.
Sábado, 21 de Setembro de 2013
Sexta-feira, 20 de Setembro de 2013
O Islão e as 11.000 virgens do Paraíso
Será um adiantamentozito?
O
ministro do Interior da Tunísia, Lofti ben Jeddou, afirmou hoje, no
parlamento, que mulheres tunisinas foram para a Síria para fazer a
"jihad [guerra santa] do sexo", aliviando as necessidades sexuais dos
combatentes islamitas.
"Elas
têm relações sexuais com 20, 30, 100" jihadistas, acrescentou o
governante perante o parlamento, sem precisar se estes números são
diários, noticiou a agência AFP.
"Após as relações sexuais, em nome da 'jihad al-nikah' [guerra santa do sexo], elas regressam grávidas", disse.
A 'jihad al-nikah' é considerada por certos dignatários salafistas como uma forma legítima de guerra santa.
O ministro não precisou o número de mulheres que partiram para a Síria com esse fim.
Quinta-feira, 19 de Setembro de 2013
Da zenital superioridade da medicina cubana
Compreende-se. Em Cuba não há colares cervicais.
A "médica" pensa que o zingarelho é para ser aplicado na cabeça ...!!!
A "médica" pensa que o zingarelho é para ser aplicado na cabeça ...!!!
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