S.SOCIAL VERSUS PENSIONISTAS, REFORMADOS E APOSENTADOS
CARTA ABERTA A PEDRO PASSOS COELHO
FALEMOS SÉRIO!!!!
Pedro é o trato que usarei para me dirigir a ti, naquilo que
há para falarmos sério. Porque sou veterana, apesar de ter consciência de que
não somos amigos.
Não és meu amigo, como me trataste, hipocritamente e de forma
quase insultuosa, na tua mensagem de Natal. Eu não sou tua amiga, porque não
tenho como amigos quem me insulta, quem procura humilhar-me, que mente e me
tira o que a mim me pertence. Amigos respeitam-se. E eu não me sinto
respeitada por ti, Pedro.
E não sou hipócrita ao dizer frontalmente o que sinto, na pele
daquilo que é hoje o meu estatuto: pensionista, reformada APÓS 49 ANOS DE
TRABALHO. Mais anos do que aqueles que tens de vida, Pedro.
Falemos sério, Pedro. Porquê essa obstinada perseguição
àqueles que construíram riqueza nacional ao longo de muitos anos de trabalho,
enquanto tu, Pedro, crescias junto de pais que, creio, trabalhavam para tudo
te darem, e que hoje não valorizas como esforço enquanto cidadãos e
enquanto pais?
Porquê essa perseguição obsessiva àqueles que construíram um
país de verticalidade, de luta e resistência, enquanto caminhavas nas hostes
dos boys de um partido disponível para compensar aqueles que gostam de
“engrossar” a voz, mesmo que desrespeitando os que tudo fizeram pela
conquista do espaço democrático, onde cresceste em liberdade? Uma liberdade
conquistada, muito suada, e por isso ainda mais digna de ser respeitada.
Respeito, Pedro, é o que se exige por aqueles que hoje
persegues, lesto e presto sem sentido, como que procurando um
extermínio que não ousas confessar.
Falemos sério, Pedro. É tempo de falares sério, apesar do
descrédito em que caíste. E falemos sério sobre reformas, sobre pensionistas
e sobre Segurança Social.
Não fales sobre o que desconheces. Não te precipites no
que dizes. Não sejas superficial, querendo parecer profundo apenas
porque, autoritariamente, “engrossas” a voz. Não entregues temas tão
complexos ao estudo de “garotos”, virgens no saber-fazer. Não entregues
estudos a séniores que, vendendo a alma ao diabo, se prestam a criar cenários
encomendados, para servirem os resultados que previamente lhes apresentaste,
Pedro. E os resultados são, como podemos avaliar, desastrosos, Pedro.
Económica e socialmente.
Vamos falar sério, Pedro. Não porque tu o queiras, mas porque
eu não suporto mais a humilhação que sinto com as falsidades ardilosas
lançadas para o ar, sobre matérias que preferes ignorar, porque nem sequer as
estudas.
A raiva cresce dentro de mim, porque atinge a verticalidade e
honestidade que sempre nortearam a minha vida, Pedro. Uma raiva que queima,
se silenciada, E não me orgulho disso, podes crer Pedro.
Vamos por fases cronológicas que te aconselho a estudar:
a)
Pedro, por acaso sabes que o
sistema que hoje se designa por “Segurança Social” deriva da nacionalização –
pós 25 de Abril – das “Caixas de Previdência” sectoriais, que antes existiam?
b)
Por acaso sabes, Pedro, que o
Estado português recebeu, sem qualquer custo ou contrapartida, os fundos
criados nestas Caixas de Previdência, a partir das contribuições dos
trabalhadores e dos seus empregadores?
c)
Por acaso sabes que a Caixa
Geral de Depósitos – Banco estatal de Valores e de credibilidade
inquestionável – é, acrescidamente, património dos muitos reformados e
pensionistas que hoje somos? É, Pedro, a CGD era o Banco obrigatório por onde
passavam as contribuições destinadas às Caixas de Previdência, mas entregava
a estas, as contribuições regulares, apenas 4, 5 e 6 meses depois.
Financiando-se com estas contribuições e sem pagar juros às Caixas, Pedro?
Por isso sou contra qualquer alienação da
CGeral. Também está lá muito de mim. Um muito que deveria estar na Segurança
Social nacionalizada…para ser bem gerida.
d)
Sabes por acaso, Pedro, que o
Estado Português nunca reembolsou a Segurança Social pela da capitalização
que conseguiu com a “nacionalização” das Caixas, como o fez aos Banqueiros?
e)
Saberás, Pedro, que a
“nacionalização” das Caixas de Previdência” se deve à necessária construção
de um verdadeiro Estado Social, para o qual, maioritariamente, é a
Segurança Social que contribui, sem as devidas e indispensáveis contribuições
do Estado? Um Estado Social criado de base a partir dos “dinheiros” pertença
daqueles que hoje são reformados e pensionistas. E que por isso exigem
respeito pelo seu contributo mas, igualmente, exigem sejam bem geridos,
porque ao Estado foram confiados contratualmente. Para me serem reembolsados
mais tarde.
E boa gestão, Pedro, é coisa que não
vejo na Segurança Social, sujeita a políticas de bastidores duvidosas e para
as quais nunca fui consultada. Acredita, Pedro, os reformados,
pensionistas e aposentados, sabemos o que dizemos quando afirmamos tudo isto,
porque ainda temos muita capacidade – suportada por uma grande e valiosa
experiência – para sermos um verdadeiro governo de bastidores. Com mestria,
com sabedoria, com isenção e sem subserviências.
f)
Por acaso sabes, Pedro, que a
dívida do Estado à Segurança Social é superior à dívida externa, hoje nas
mãos da chamada “troika”?
Pois é, Pedro, a dívida sob o comando da
troika é de 78 mil milhões de Euros, é? A dívida à Segurança Social, aos
milhões de contribuintes, muitos deles hoje reformados, é de 80 mil milhões
de dívida. Valor que cresce diariamente, porque o Estado é um mau pagador.
Uma dívida que põe em causa não só os créditos/reembolsos aos reformados e
pensionistas, na forma contratada, mas igualmente as obrigações/compromissos
intergeracionais.
Porque estás tão preocupado em “honrar” os
compromissos com o exterior e não te preocupas em honrar os compromissos para
com os credores internos que são, entre muitos, os aposentados, os reformados
e os pensionistas, antes preferindo torná-los no “bombo de festins” de um
governo descontrolado?
Falemos sério, Pedro. Reabilita-te com alguma honra, perante
um programa eleitoral que te levou, precocemente, ao lugar que ocupas. Um
lugar de representatividade democrática, que te obriga a respeitar os
representados. Também os reformados, aposentados e pensionistas votam.
E falando sério, mas com muita raiva incontida, Pedro, vou
dar-te o meu exemplo, apenas como exemplo de muitas centenas de milhar de
casos idênticos.
a)
Trabalhei 49 anos. Fui
trabalhadora-estudante. E sem Bolonhas e/ou créditos, licenciei-me com 16
valores, a pulso. Nunca fui trabalhadora e/ou estudante de segunda. E fui
mãe, num pais em que, na época, só havia 1 mês de licença de maternidade e
creches a partir dos dois anos de idade das crianças. Como foi duro, Pedro. E
lutei, ontem como hoje, para a minha filha, a tua Laura, as tuas filhas e
muitas mais jovens portuguesas, terem mais do que eu tive. A sociedade ganha com
isso. O Estado Social também tem obrigações pela continuidade da sociedade,
pela contínua renovação geracional. Lutei, Pedro, muito mesmo e sinto muita
honra nisso como me sinto orgulhosa do que conquistou a minha geração.
b)
Fiz uma carreira profissional,
também ela dura, também ela de luta, numa sociedade que convencionou dar
supremacia aos homens. Um poder dado, não conquistado por mérito reconhecido,
Pedro. Por isso tão lenta a caminhada pela “Igualdade”.
c)
Cheguei ao topo da carreira,
mas comecei como praticante. Sem “ajudas”, sem “cunhas”, sem “padrinhos” e/ou
ajuda de partidos. Apenas por mérito próprio, duplamente exigido por ser
Mulher. Um caminho que muito me orgulha e me enformou de
Valores, Honra e Verticalidade. Anonimamente, mas activa e
participadamente.
d) No final da minha carreira profissional, eu
e os meus empregadores, a valores capitalizados na data em que me reformei,
(há dois anos) tínhamos depositado nas mãos da Segurança Social cerca de 1
milhão de Euros.
Ah! É bom que se lembre
que os empregadores entregam as suas contribuições para a conta do/a seu/sua
funcionário/a. Não é para qualquer abutre esperto se apropriar dele. O modelo
que Churchil idealizou – e protagonizou – após a 2ª guerra mundial. Uma
compensação no desequilíbrio entre os rendimentos do Capital e os do
Trabalho, e que foi adoptado em Portugal ainda antes do 25 de Abril.
Quase um milhão de Euros, Pedro. Só nos últimos 13 anos de
trabalho foram entregues 200 mil Euros à Segurança Social, entre mim e
o empregador.
A minha pensão vem daí, Pedro. De tudo o que, confiadamente,
entreguei à gestão da Segurança Social, num contrato assinado com o Estado
Português. E já fui abrangida pelo sistema misto. E já participei no factor
da sustentabilidade, beneficiando o Estado Social.
e)Mas há mais, Pedro. A esse cerca de1 milhão de Euros,
à cabeça dos cálculos da minha pensão, retiraram às minhas
contribuições, à minha “conta”, 20%, ou seja 200 mil Euros. Como
contributo para o Estado Social. Para a satisfação do compromisso que devo
para com as gerações seguintes. Para o Serviço Nacional de Saúde, para um
melhor bem estar da sociedade portuguesa. E o dinheiro que se encontra – em depósito – nas mãos do
Estado português através da Segurança Social, é de cerca de 800 mil Euros.
Que eu exijo bem gerido e intocável.
f)Valor que, conforme os meus indicadores familiares
(melhores que a média das estatísticas)
da esperança de vida (85 anos em média), daria para uma pensão anual de
40.000€ actualizada anualmente pela capitalização dos meus
fundos. É bom que
saibas que, sobre este valor, eu pagaria cerca de 16.000€ de IRS, fora os
demais impostos. Mas, por artes de uma qualquer “engenharia financeira” nunca
recebi nada disto.
Mas se aquele valor, que foi criado pelas contribuições de
tantos anos de trabalho, estiver nas minhas mãos e sob a minha gestão,
matéria em que fui profissional qualificada e com provas dadas, eu serei uma
Mulher que poderá dormir descansada, porque serei independente para mim
e para ajudar filhos e netos, sem ter que acordar de noite angustiada.
É, Pedro, falemos sério e honra os compromissos que o Estado
tem para comigo. Dá instruções ao Ministério da Solidariedade Social(?) para
que me entregue o “meu dinheiro”. O MEU, Pedro!
E vou refazer contas:
a)
De modo frio, direi que o
Estado tem que pôr à minha disposição os 100% de contribuições que lhe foram
confiadas, ou seja, os cerca de 1 milhão de Euros.
b)
Arredondando, e muito por
excesso, descontando os valores de que já fui reembolsada, o Estado
português deve-me 900.000€. É esta a verba que quero que o Estado português
me pague, porque é este o valor de que sou credora.
c) Gerindo eu esta verba podes crer, Pedro,
que só com os rendimentos que obtenho da sua aplicação, e já depois de
impostos pagos, terei mais do que o valor que tenho hoje como pensão. É
simples, Pedro, e deixo de ser uma “pedra no sapato” dos governantes. Deixo
de ser “um impecilho” na boca de “garotos” que não sabem o que dizem. E, de
uma Mulher anónima com honra e verticalidade, que sou hoje, passo a ser uma
Mulher rica, provavelmente colunável, protegida por todos os governantes,
mesmo que a ética perca a sua verticalidade e a moral passe a ser podre.
Mas porque é tempo de falares sério, Pedro, fala aos
portugueses a verdade sobre assuntos que nos interessa:
- quanto é que o cidadão e político Pedro Passos Coelho já descontou
para a Segurança Social e/ou ADSE?
- quanto receberias hoje de reforma se, conforme as excepções
de privilégio na lei, te reformasses?
- quanto descontam os deputados e demais políticos para a
Segurança Social ou ADSE?
- qual o montante de reforma a que têm acesso,
privilegiadamente, e ao fim de quantos anos de exercício da política,
independentemente da sua idade?
- Quem, e quanto recebem de reforma vitalícia, ex-governantes
e outras figuras políticas, só pelo exercício de alguns anos em cargos
públicos?
- qual o sistema de Segurança Social que suporta estas
reformas e a quem pertence esse dinheiro? São os OE’S que o suportam,
ou são os “dinheiros” daqueles que contribuíram e/ou contribuem para o
Sistema?
- sendo o Estado uma entidade empregadora, qual o valor da sua
contribuição (%) para a ADSE ou Segurança Social, por trabalhador? E as
contas, estão regularizadas?
Falemos sério, Pedro! Os reformados exigem a verdade mas,
igualmente, exigem respeito, por nós e pelo nosso dinheiro que, abusivamente,
vai alimentando o despesismo de um Estado que vive de mordomias elitistas,
acima das capacidades do país. Isso sim, Pedro!!!!!!!!
A reformada,
M.Conceição Batista
Lx. 19/01/2013
PS – Aguardo que me seja entregue o meu dinheiro, conforme
mencionei atrás. Tenho vida a organizar.
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