Tráfico de cigarros: mais rentável que a heroína
Por cada 1 000 dólares investidos, o tráfico de cigarros gere um
retorno de 43 000 dólares, ou seja o dobro do tráfico de heroína.
O contrabando de armas ou droga chama mais a atenção dos media, no
entanto dezenas de milhares de dólares são produzidos pelo tráfico de
tabaco, alimentando da mesma forma as máfias e rede terroristas.
Esta actividade é extremamente lucrativa. Na Ucrânia, um maço de
cigarros custa 1,33 euros, enquanto que em Portugal custa 4,20 euro, no
Reino Unido 9,03 euros e na Noruega 10,45 euros.
O tabaco proveniente da Ucrânia, da Moldávia e da Bielorússia viaja por
via terrestre directamente para a Eslovénia e para a Itália, ou via
Grécia, onde por via marítima chegam à Itália. É na Itália que grande
parte do tráfico de tabaco é centralizado pelas diversas máfias locais.
No porto de Génova a logística está a cargo da 'Ndrangheta, em Brindisi
está a cargo do clã Sacra Corona Unita, em Naples e Salerno é a Camorra e
na Sicília a Cosa Nostra.
O principal produtor de tabaco contrafeito é a China, de onde viaja por
via marítima até ao Dubai, onde é armazenado, seguindo posteriormente
por via marítima até à Itália. Por vezes também utilizam a Grécia e o
sul de Espanha como portos.
O destino final de todo este tráfico são os países europeus onde o preço
do tabaco é mais elevado: França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Holanda e
países nórdicos.
Actualmente 20% dos cigarros de contrabando vendidos são de contrafação, em África são cerca de 80%.
Calcula-se sejam produzidos por ano 1 000 000 milhões de cigarros no
mundo, desses, cerca de 1/3 são vendidos ilegalmente, e desses 80%
através do crime organizado.
O tabaco contrafeito contem, em relação ao lícito, 3 vezes mais arsénio,
5 vezes mais cádmio, 6 vezes mais chumbo, 80 vezes mais nicotina, 133
vezes mais monóxido de carbono e 160 vezes mais alcatrão.
Recentemente foram descobertos no Reino Unido cigarros contendo canabis
com anfetaminas e crack, para fidelizar uma clientela mais jovem.
O tráfico de tabaco (produto lícito) encontra-se muito menos punido do
que o tráfico de droga, por exemplo, dado que não se trata de um crime,
mas sim de um delito fiscal. As sanções limitam-se na maioria dos casos à
destruição da mercadoria ou a multas irrisórias, raramente a penas de
prisão. Esta situação torna o tráfico de tabaco altamente atractivo.
A possível introdução a nível de legislação europeia de uma embalagem
genérica, sem logótipo e sem marca, apenas com imagens chocantes a
titulo preventivo, poderá ter um efeito amplificador do comercio ilegal
de cigarros, dado que para as máfias será muito mais fácil a produção de
um maço branco ou com uma fotografia.
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