GNR: Morte de um «camarada é sempre pesado»
O relato das negociações e a emoção pela perda de um colega, contados na primeira pessoa pelo tenente-coronel da GNR que esteve no restaurante do Pinhal Novo durante toda a noite
Por:
Redacção
/ CF
| 2013-11-24 13:08A GNR garante que «tentou tudo»
para que fosse outro o desfecho do sequestro num restaurante do Pinhal
Novo, em Palmela, que terminou com a morte do próprio sequestrador e de
um jovem militar da GNR.
Duas pessoas morreram e seis ficaram feridas em sequestro num restaurante.
O tenente-coronel do comando territorial da GNR fez este domingo, na TVI24, o relato da operação «muito complexa» que teve lugar durante a noite de sábado e madrugada de domingo num estabelecimento perto de Setúbal.
O militar não escondeu a emoção pela morte do colega. A morte de um «camarada é sempre pesado», disse o oficial da Guarda que «lamentou que o sequestrador não tenha acatado» as ordens das autoridades «durante as longas horas de negociação».
«Foram mobilizados todos os meios do comando territorial de Setúbal de imediato» e «criado um perímetro de segurança», para além da «evacuação de várias residências».
Jorge Goulão frisou que se tratou de uma «situação atípica» e com «características de tão elevada violência», mas «tentámos tudo», explicou, afirmando que foram «seis longas horas» de «negociação direta e indireta» em que inclusive houve o recurso a um amigo do sequestrador.
«Foram feitas negociações através de uma pessoa da sua confiança para ele se entregar e para aquilo que nos preocupava: tínhamos um militar ferido, não tínhamos um militar falecido».
Na verdade, a informação inicial dava conta de «desacatos no restaurante». Após a chamada para o 112, «a primeira patrulha que chega ao local e está a tentar esclarecer a situação», mas, «de imediato, logo à entrada do restaurante, o primeiro militar da GNR é baleado».
Depois, «quando a patrulha está a chegar e as pessoas a saírem», o homem lança uma granada para o exterior».
«Havia um grande problema: o individuo tinha granadas e dispositivos artesanais», explicou Jorge Goulão e, pelas cinco da madrugada, as diversas equipas especializadas presentes chegaram à conclusão de que «o indivíduo não se iria render» e avançaram para o restaurante.
O sequestrador acabou por ser abatido e os militares depararam-se com o colega morto. «Estava há cerca de três anos» na Guarda. E a voz do militar embargou-se.
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