De: ALÔ PORTUGAL
Data: 08/07/10 15:51:44
Para: Undisclosed-Recipient:,
Assunto: BRINCANDO COM OS SERVIÇOS DE SAÚDE MILITAR
BRINCANDO COM OS SERVIÇOS DE SAÚDE MILITAR
11/12/2007
No seguimento da énesima tentativa de “reestruturar” e “racionalizar” os Serviços de Saúde Militares (SSM) - o que se arrasta desde 1977), o senhor Ministro da Defesa (MDN), Luis Amado criou um grupo de trabalho (GT),a nivel do respectivo ministério e reportando directamente a ele.O despacho conjunto nº393/06,de 2 de Maio,do MDN,Finanças e Admnistração Pública, oficializou o GT de que vieram a fazer parte três oficiais médicos (um majgen,da Força Aèrea;um Cap.mar e guerra ,e um coronel do Exercito), uma licenciada em gestão, e uma médica pediatra nomeada “coordenadora” do grupo.
O despacho estabelecia uma remuneração mensal de 1696 euros para a coordenadora e 700.33 para os restantes elementos, mais ajudas de custos em caso de deslocações.
A sua missão constava, em linhas gerais, na definição de um “modelo de gestão flexivel”;definir “um orgão coordenador a nivel do MDN”, para a Saúde Militar”; racionalizar as estruturas hospitalárias” e analizar a “implementação de uma estrutura hospitalar única para os três Ramos das FAs”, e a “melhoria da qualidade e da prontidão de resposta do sistema de Saúde Militar,nos diferentes cenários de actuação previsivel”.
Ao fim de nove meses – tal foi o tempo que o GT levou a queimar neurónios -,nasceu, não uma criança, mas um aborto,o que, aliàs, não é de espantar nos tempos que correm...
O “aborto” foi rejeitado liminarmente pelo Chefe de Estado Maior General das Fas, em nome de todos os chefes dos ramos.
O aborto jaz na incubadora do gabinete ministerial do actual responsável pela Defesa, que apanhou o GT a funcionar do anterior, mantendo-lhe a orientação.
Do ponto de vista da geometria dos sólidos, tudo se assemelha a uma esfera, não havendo ponta por onde se lhe pegue.
Vejamos:
Não parece curial que o MDN,dispondo de uma vasta estrutura competente e idónea para o tratamento da questão, tenha que individualizar um GT na sua directa dependencia. Menos sentido faz ainda – para além do despautério revelado - que se tenha nomeado como “coordenadora” do GT – termo, aliàs, pouco apropriado à função -uma médica civil completamente alheia ao meio militar e que tinha do assunto que ia tratar um conhecimento aproximado ao infantil.
Já entra, porém, no campo da irresponsabilidade, tal nomeação (acrescida da adjunta para o “economato”), se tivermos em conta que para o cabal cumprimento do despacho seria necessária a consulta de documentos classificados e isso estar vedado a pessoas que para tal não estejam credenciadas.
O que o despacho demonstra, isso sim, é uma verdadeira bofetada, sem luva branca, nas chefias militares e na Instituição Militar, ao passar-lhes um atestado de incompetencia e outro de desconfiança. Por isso não se entende que a hierarquia militar, não tenha protestado, e que os oficiais envolvidos tenham aceite a indigitação. Às associações de militares também não se ouviu um pio sobre a matéria...
Ora quem não se dá ao respeito, não pode ser respeitado.
Depois,
O despacho,que saiu já o GT reunia, estabeleceu um prazo irrealista para a entrega do relatório final: 30 de Julho de 2006 – cerca de três meses. O GT ignorou a data e só deu por findas as suas locubrações a 27/2/07, ou seja sete meses depois. E durante todo este tempo não contactou as FAs a não ser para recolha de dados e nalgumas visitas efectuadas, como alàs vem expresso no portal público do Exercito.
Em contas simples podemos concluir que o GT custou ao erário público cerca de 21500 euros, partindo do principio que os três militares não percebiam nada mais além do seu vencimento, a que se deve acrescentar as ajudas de custo das deslocações realizadas (pelo menos nove), e o apoio logistico do MDN [1].Uns trocos, portanto.
Finalmente,
o relatório, alheio a qualquer técnica elementar de estado maior, é de uma pobreza franciscana e prefigura mais uma perda de tempo, um gasto superfluo e um tiro de polvora seca. Mas não consegue iludir uma tentativa pouco honesta de “albardar o burro à vontade do dono”. E esta vontade é, para já, a de passar as estruturas da Saúde Militar para o MDN e tentar concentrar as estruturas hospitalares no menor número de edificios possivel ( o hospital de Belém escapou à sanha, por razões que se torna ocioso explicitar).
Tal desiderato permitiria dar mais uma machadada na IM, destribuir cargos e funções por amigos e alistados nas estruturas partidárias, reduzir património a patacos e outras “benfeitorias”, sempre embalsamadas em termos democraticos e de gestão moderna.
Isto numa primeira fase, pois a seguir – e tal já é da nossa lavra - virá a tentativa de apoiar as forças militares que restam, com “outsourcing”, como já acontece com o contingente da GNR em Timor e, ainda, de acabar paulatinamente com a assistencia no ambito da saúde à familia militar, empurrando toda a gente a fazer “PPRs” e seguros de saúde, dando assim mais dinheiro a ganhar a todos aqueles que já lucram a parte de leão do saque feito à população que por aqui sobrevive cada vez mais ignorante do que se passa à sua volta: os bancos, as seguradoras e as instituições financeiras.
Do relatório nem vale a pena falar: o objectivo não bate certo com o ambito nem com as conclusões; o apoio directo às tropas, missão fundamental e razão de existencia dos SSM, quase nem é abordado; o manancial de dados estatisticos, eivados de erros grosseiros, não estão sequer trabalhados para provar coisa alguma; a estrutura organizativa proposta sem ser proposta, é pesada, desgarrada da realidade a que é suposto aplicar-se e sem contemplar as especificidades do comando militar; os aspectos das necessidades em pessoal e respectivas carreiras – fulcral em qualquer sistema, tão pouco é abordado.
Enfim,o relatório sobre um assunto complexo e multidisciplinar, aborda o problema pela rama, não tem uma visão de conjunto e as suas conclusões são pouco assertivas e mal fundamentadas.
Por uma vez os chefes militares falaram a uma voz e disseram o que se impunha. Mas não podem ficar por aqui: têm que antecipar os próximos “ataques” e apresentar rapidamente uma proposta que sirva os interesses das FAs e da Nação. Não os dos Partidos, ou de organizações cujos objectivos não são públicos.
A ver vamos.
João J.Brandão Ferreira
Tcorpilav(ref.)
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