domingo, 22 de setembro de 2013

Bo Xilai condenado na China a prisão perpétua por corrupção

Tribunal deu como provados crimes de corrupção, desvio de fundos e abuso de poder no processo que envolvia o ex-dirigente do Partido Comunista Chinês e que era visto sobretudo como um caso político.



"O tribunal pronunciou-se por uma pena de prisão perpétua com privação permanente de direitos políticos", foi divulgado através da rede social Sina Weibo (semelhante ao Twitter), já que o julgamento foi público por decisão do tribunal de Jinan, na província de Shandong, avança a AFP.
Bo Xilai foi condenado a prisão perpétua por corrupção; a 15 anos de prisão por desvio de fundos; e a outros sete por abuso de poder, pelo envolvimento da sua mulher Gu Kailai no homicídio do empresário britânico Neil Heywood. Os juízes determinaram também que os seus bens devem ser confiscados, nomeadamente uma casa que tem em Cannes, na costa francesa, e que terá adquirido de forma ilegal através de Neil Heywood. Porém, tem ainda direito a recorrer da sentença — mas não fez saber se o fará.
O tribunal deu como provado que o antigo dirigente comunista desviou perto de 2,5 milhões de euros quando, na década de 1990, dirigia a cidade de Dalian, no nordeste da China. Bo tinha sido formalmente acusado em Julho de ter aceitado "uma soma elevadíssima" em dinheiro e propriedades e de desviar fundos públicos.
Um processo político
O julgamento de Bo Xilai por corrupção era, porém, visto como um processo político — o mais importante das últimas décadas na China —, que estaria já decidido ao nível da mais alta hierarquia do partido.

A acusação tinha pedido uma pena severa, porque Bo "não mostrou arrependimento". "Mas este não é um caso puramente legal", dizia em Agosto ao Financial Times o advogado Mo Shaoping. "Mais importante, a decisão final sobre a culpa de Bo Xilai e a quantos anos é condenado não vai ser feita pelos juízes no tribunal."
Bo, um político populista, governador da província de Chongqing e estrela ascendente da política chinesa até há dois anos, já pertenceu à elite, mas acabou por cair em desgraça. E agora é o caso exemplar para mostrar que o regime não tolera corrupção. Era um dos mais fortes candidatos a integrar o comité permanente do Partido Comunista Chinês no ano passado, mas foi destituído como secretário do partido em Chongqing e expulso do Politburo no mesmo dia em que a sua mulher foi acusada do homicídio de Neil Heywood.
Expulsão do Partido Comunista Chinês
A expulsão de Bo Xilai do PCC e do Politburo (o segundo mais importante centro de decisões da política chinesa, a seguir à Comissão Permanente) foi vista como um escândalo quase sem precedentes na história política da China e como a maior crise que o partido no Governo enfrentou desde o massacre na Praça Tiananmen, em 1989. Antes da expulsão do PCC, Bo Xilai já tinha sido afastado da liderança do secretariado do partido na província de Chongqing, no dia 14 de Março.
A queda de Bo Xilai terá sido precipitada pela aparatosa fuga de Wang Lijung (chefe da polícia da província governada por Bo e seu parceiro na política de combate ao crime) para o consulado dos EUA em Março de 2012. Wang dizia ter contado a Bo que a sua mulher, Gu Kailai, tinha assassinado o empresário britânico Neil Heywood num quarto de hotel, em Novembro de 2011. Gu foi entretanto julgada e condenada à morte com pena suspensa — revertida para prisão perpétua — pelo homicídio. Wang, que entretanto foi também condenado a 15 anos de prisão por vários crimes, incluindo deserção, diz que Bo reagiu à notícia esmurrando-o e que, por isso, fugiu.
Bo tentou sempre descredibilizar Wang e Gu, duas das principais testemunhas da acusação. Alegou que os dois eram próximos há muito tempo, desde que Wang tinha sido colocado em Chongqing para investigar suspeitas de que Gu teria sido envenenada.



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