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Esse ‘atraso’ de uma hora afectaria horários escolares, horários comerciais e até alterações no prime-time das televisões, segundo o relatório inicial que será agora debatido no plenário do Congresso de Deputados e, posteriormente, estudado pelo Governo.
“Não vai ficar na gaveta”, assegurou no Congresso o ministro da Economia, Luis de Gindos.
Preparado ao longo de nove meses com o contributo de cerca de 60 especialistas, o relatório foi elaborado pela Comissão de Igualdade do Congresso e abrange várias questões além da mudança de hora.
Entre as medidas, por exemplo, defende jornadas contínuas de trabalho com uma breve pausa para comer, que as crianças entrem nas escolas mais tarde, alterações nos horários comerciais e outras mudanças para favorecer a conciliação da vida pessoal e familiar.
A questão do horário aplicado em Espanha é, pontualmente, tema de debate, com um sector crescente a defender alterações a um modelo que é, para muitos, identificado como menos produtivo e com fortes condicionalismos sobre a vida pessoal.
Os horários de trabalho são, normalmente, caracterizados por jornadas longas pela manhã e pela tarde, com um período de interrupção para almoço que normalmente começa às 14h00 e pode prolongar-se até duas horas.
Muitos comércios abrem apenas às 10h00 fechando nesse período de almoço, com muitos a comerem em casa e até a aproveitarem a ainda praticada sesta.
Proposto por iniciativa do PP, PSOE e CiU, o relatório foi aprovado na comissão por 28 votos a favor e 13 abstenções (do PSOE, IU-ICV-CHA, Esquerda Plural e Grupo Parlamentar Misto).
Não vinculativo, será elevado à Mesa do Congresso para que seja debatido no plenário da câmara baixa, com o executivo a prometer analisar o seu conteúdo, especialmente no que toca às alterações do fuso horário.
Tratar-se-ia, caso avançasse, de regressar a um fuso em que Espanha esteve até 1942 e que corresponde ao país pela sua posição geográfica – é o do meridiano de Greenwich e dos seus vizinhos, Reino Unido, Marrocos e Portugal.
A alteração de hora em Espanha foi feita em 1942 quando o país se alinhou com a Alemanha – que tinha imposto o seu fuso horário a França e a outros países. Depois da guerra, países como o Reino Unido e Portugal voltaram ao chamado fuso europeu ocidental mas a França e a Espanha mantiveram a hora.
Regressar ao horário de Greenwich, o horário TMG, inspirado no ciclo solar diurno, considera o relatório, teria um efeito favorável na conciliação de todas as pessoas, permitindo dispor de mais tempo para a família, formação, vida pessoal, ou lazer, e evitando tempos mortos na jornada laboral diária.
A ocorrer afectaria também as Canárias que recuaria também uma hora mantendo-se, pela sua posição, com uma hora menos que a península.
Viver fora do fuso horário que corresponde a Espanha, assinala o relatório, "dá lugar a que se madrugue demasiado e se durma quase uma hora menos do recomendado pela OMS", o que unido a uma organização de horário de trabalho "também singular" e que em nada se parece ao resto de Europa, "afeta negativamente a produtividade, o absentismo laboral, o stress, a sinistralidade e o fracasso escolar".
Mas o relatório é mais amplo que apenas a questão do fuso horário, admitindo ser necessária uma “transformação dos usos e costumes diários”.
"É necessário adaptar os horários e o calendário escolar às jornadas de trabalho. É necessário adaptar tanto os horários, como as férias e o resto do calendário escolar às jornadas de trabalho", refere.
No caso da televisão defende adiantar o prime time (os telejornais da noite começam normalmente às 21h00) já que 90% dos programas de máxima audiência terminam depois das 23h30 e 55% terminam depois da meia-noite.
O espanhol dorme quase uma hora menos que os europeus para ver os seus programas televisivos favoritos, refere o relatório.
No que toca à jornada de trabalho defendem que a hora máxima de saída seja as 18:00, com uma hora para almoço e menos pausas, algo que os especialistas afirmam melhorar a produtividade, reduzir o absentismo, o stress e até o falhanço escolar.
Também consideram importante "acabar com a cultura do presentismo, ainda muito implantada em Espanha”, ou seja, “a ideia de que até que não se vá o chefe, não se vai ninguém do escritório".
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