terça-feira, 11 de junho de 2013

Posted: 09 Jun 2013 09:56 PM PDT
Ahmadinejad se despede da Presidência do Irã após causar crise histórica...
Será que seu sucessor será mais uma marionete dos globalistas, ou afrontará a agenda?

Mahmoud Ahmadinejad chegou à Presidência do Irã projetando a imagem de um homem simples alinhado aos ideais da revolução islâmica.

Após oito anos no cargo, ele sai de cena sob o estigma de ter causado a maior crise interna na história do regime, em meio a acusações de rebeldia ideológica e corrupção.

Traumatizado, o Estado teocrático sinaliza com clareza que o principal objetivo do pleito presidencial na próxima sexta-feira é pavimentar o caminho para a eleição de um candidato que seja o oposto de Ahmadinejad.

Ahmadinejad, na posse de Nicolás Maduro, em Caracas; se despede da Presidência do Irã após causar crise histórica

Os favoritos na disputa são conservadores com perfil discreto que gravitam na órbita do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, detentor da palavra final no regime.

Khamenei aposta que seus homens de confiança, ao contrário do atual presidente, respeitarão a sua autoridade e a doutrina fundada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, em 1979.

A mesma expectativa havia norteado a decisão de Khamenei apoiar Ahmadinejad na eleição de 2005. À época, o preferido do líder comandava a Prefeitura de Teerã após ocupar cargos de médio escalão no interior.

Com sua devoção religiosa e roupas de feira, Ahmadinejad era visto como o homem certo para romper com a liberalização moral promovida pelo reformista Mohamad Khatami, um presidente intelectual e cosmopolita.

O prefeito de Teerã fez campanha prometendo levar a então bonança petroleira "até a mesa do povo". Chegou de surpresa no segundo turno, no qual venceu um poderoso ex-presidente.

Graças a fartos subsídios e a uma economia em alta, Ahmadinejad navegou com tranquilidade nos primeiros anos de governo. No plano externo, entretanto, chocou o mundo ao questionar o Holocausto e pregar o fim de Israel.

Cordial sob Khatami, a relação com o Ocidente deteriorou-se abruptamente, minando as negociações sobre o programa nuclear iraniano. Ahmadinejad priorizou contatos com governos na África e na América Latina, inclusive com o Brasil na era Lula.

A primeira rusga com o líder supremo surgiu em 2008, por intermédio do principal assessor presidencial, Esfandiar Rahim Mashaee.

Num evento público, Mashaee disse que israelenses e americanos eram "amigos" do Irã e os EUA, um dos "melhores países do mundo".

Veterano da inteligência, Mashaee casou sua filha com o primogênito de Ahmadinejad naquele mesmo ano.

Apesar do incômodo, Khamenei chancelou a reeleição de Ahmadinejad em 2009 e declarou ilegais manifestações contra supostas fraudes.

Mas Khamenei se opôs à decisão de Ahmadinejad escolher Mashaee como seu primeiro vice-presidente.

GREVE PRESIDENCIAL

Foi o primeiro de uma série de embates acerca de nomeações para altos cargos no regime. Quando o líder supremo forçou o presidente a reintegrar um ministro da Inteligência demitido, Ahmadinejad ficou dez dias sem trabalhar.

Destoando do primeiro mandato, o clã presidencial adotou uma agenda mais liberal, pregando afrouxamento das restrições morais e exaltando a cultura persa pré-islâmica.

Às divergências ideológicas somaram-se acusações de desvios de bilhões de dólares por banqueiros ligados ao presidente e o efeito devastador do acirramento das sanções.

Em 2012, Ahmadinejad foi o primeiro presidente iraniano a ser sabatinado por deputados que o acusaram de incompetência.

O líder interveio para cortar planos de impeachment ao presidente, que teriam agravado a crise.

Mas, para enterrar os inimigos, o regime vetou nesta eleição a candidatura de Mashaee, que teria conseguido votos das classes mais pobres beneficiadas com programas sociais da Presidência.

"Ahmadinejad se preocupou com os mais humildes", diz o taxista Farhad Kharaji, fã declarado.

Já Mohamed Massih Yarahmadi, que é editor de uma revista de arquitetura, se arrepende de ter votado nele em 2009. "Ele descumpriu suas promessas".

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